As Funções Visuoespaciais e Sua Relevância na Neuropsicologia

Matheus Santos • 2 de janeiro de 2025

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As funções visuoespaciais desempenham um papel crucial na forma como interagimos com o ambiente ao nosso redor. Elas envolvem a capacidade de perceber, compreender e manipular informações visuais e espaciais, permitindo que nos orientemos no espaço, localizemos objetos e realizemos atividades cotidianas com eficiência.

Na neuropsicologia, o estudo das funções visuoespaciais tem uma grande importância, pois essas funções são frequentemente impactadas por uma série de condições neurológicas e psiquiátricas. Entender as disfunções visuoespaciais pode ajudar no diagnóstico e tratamento de transtornos como acidente vascular cerebral (AVC), demência, transtornos do neurodesenvolvimento e lesões cerebrais traumáticas.



Neste artigo, vamos explorar o que são as funções visuoespaciais, como são avaliadas na neuropsicologia e a relevância desse estudo para a compreensão de diversas condições clínicas.


1. O que são as Funções Visuoespaciais?


As funções visuoespaciais englobam um conjunto de habilidades cognitivas responsáveis por processar informações visuais e espaciais. Isso inclui a capacidade de perceber a posição de objetos no espaço, coordenar movimentos com base em informações visuais e identificar a relação entre diferentes elementos no ambiente. Algumas das principais funções visuoespaciais incluem:


1.1 Percepção Espacial


A percepção espacial envolve a capacidade de entender e perceber o ambiente em três dimensões. Ela permite que identifiquemos a localização de objetos em relação a nós mesmos e a outros objetos, facilitando a navegação no ambiente.


1.2 Coordenação Visuomotora


Essa função refere-se à habilidade de integrar a percepção visual com o movimento físico. Por exemplo, ao pegar um copo de água ou dirigir, usamos nossa coordenação visuomotora para ajustar nossos movimentos com base nas informações visuais recebidas.


1.3 Reconhecimento e Localização de Objetos


As funções visuoespaciais também incluem a habilidade de reconhecer e localizar objetos em diferentes contextos espaciais. Isso é essencial para tarefas cotidianas, como procurar um item perdido ou identificar formas e padrões no ambiente.


1.4 Orientação Espacial


A orientação espacial é a habilidade de determinar a nossa posição no espaço em relação a outros pontos de referência. Essa função é essencial para a navegação, seja em um ambiente familiar ou desconhecido.


2. Funções Visuoespaciais e o Cérebro


As funções visuoespaciais dependem de várias áreas do cérebro, principalmente do lóbulos parietais, que estão envolvidos no processamento de informações espaciais e motoras. Essas áreas cerebrais trabalham em conjunto para nos permitir perceber o ambiente e interagir com ele de maneira coordenada.


2.1 A Importância dos Lóbulo Parietal


O lóbulo parietal, localizado no topo da cabeça, desempenha um papel fundamental no processamento espacial. Especificamente, a área parietal posterior está envolvida em habilidades como a percepção espacial, a coordenação visuomotora e a orientação. Danos a essa área podem resultar em déficits significativos nas funções visuoespaciais, como a incapacidade de navegar em ambientes familiares ou de identificar a posição de objetos no espaço.


2.2 O Papel da Corteza Visual


A corteza visual, localizada na região occipital do cérebro, é responsável pelo processamento inicial das informações visuais. Ela trabalha em conjunto com outras regiões, como os lobos parietais, para integrar essas informações e permitir que o indivíduo entenda o que está vendo e como interagir com o ambiente de forma eficaz.


3. Avaliação das Funções Visuoespaciais na Neuropsicologia


Na neuropsicologia, a avaliação das funções visuoespaciais é essencial para identificar déficits cognitivos que possam resultar de lesões cerebrais, doenças neurológicas ou transtornos psiquiátricos. Diversos testes neuropsicológicos são utilizados para avaliar essas funções, com o objetivo de fornecer um diagnóstico preciso e direcionar as intervenções terapêuticas adequadas.


3.1 Teste de Construção de Blocos de Rey (Rey-Osterrieth Complex Figure Test)


Esse teste é amplamente utilizado na avaliação de habilidades visuoespaciais, especialmente na capacidade de perceber e organizar informações espaciais. O paciente é solicitado a copiar uma figura complexa usando blocos ou desenhando-a em um papel, o que permite medir sua capacidade de reprodução de formas espaciais e sua memória visuoespacial.


3.2 Testes de Coordenação Visuomotora


Esses testes avaliam a habilidade do paciente de coordenar movimentos com base em informações visuais. Um exemplo clássico é o Teste de Coordenação Visuomotora de Luria, no qual o paciente deve tocar em pontos específicos em uma folha de papel seguindo um padrão visual. Esse tipo de teste ajuda a identificar problemas na integração entre percepção visual e controle motor.


3.3 Testes de Navegação e Orientação Espacial


Esses testes avaliam a capacidade do paciente de se orientar no espaço e navegar por ambientes. Testes como o Teste de Navegação Espacial de Corsi ou o Teste de Rotação Mental são usados para medir a habilidade do paciente em processar e se localizar no ambiente tridimensional.


3.4 Testes de Memória Visuoespacial


A memória visuoespacial envolve a capacidade de lembrar informações visuais e espaciais. Os testes que avaliam essa função pedem ao paciente para recordar ou reconhecer objetos ou padrões que foram apresentados anteriormente. Um exemplo é o Teste de Memória Visual de Benton, que avalia a capacidade de recordar imagens visuais após uma breve exposição.


4. Relevância das Funções Visuoespaciais na Clínica


O estudo e a avaliação das funções visuoespaciais são fundamentais na neuropsicologia clínica, pois essas habilidades estão frequentemente comprometidas em uma série de condições neurológicas e psiquiátricas. As alterações nas funções visuoespaciais podem ser indicativas de uma série de transtornos, como:


4.1 Acidente Vascular Cerebral (AVC)


Após um AVC, é comum que o paciente apresente dificuldades em funções visuoespaciais, como a dificuldade em se orientar no espaço, perda de percepção de objetos ou a incapacidade de realizar tarefas que envolvem coordenação motora e visual. A avaliação neuropsicológica ajuda a determinar quais áreas do cérebro foram afetadas e como essas disfunções impactam a vida do paciente.


4.2 Demência


Pacientes com doença de Alzheimer ou outras formas de demência frequentemente apresentam déficits nas funções visuoespaciais. A perda de habilidades para navegar em ambientes familiares ou a dificuldade de reconhecer objetos são sintomas comuns dessas condições, e a avaliação neuropsicológica pode ajudar a monitorar a progressão da doença.


4.3 Traumatismo Cranioencefálico


Lesões cerebrais traumáticas, muitas vezes decorrentes de acidentes ou quedas, podem resultar em déficits nas funções visuoespaciais. A avaliação neuropsicológica ajuda a identificar os tipos de dificuldades que o paciente pode enfrentar, como dificuldade em reconhecer formas ou objetos e problemas de coordenação motora.


4.4 Transtornos do Neurodesenvolvimento


Crianças com transtornos como o autismo ou transtornos de aprendizagem podem apresentar dificuldades nas funções visuoespaciais. A avaliação dessas funções é essencial para entender o impacto do transtorno no desenvolvimento cognitivo e para planejar intervenções adequadas.


5. Tratamento e Intervenções para Déficits Visuoespaciais


A intervenção para déficits nas funções visuoespaciais depende da natureza e da gravidade do problema. Em muitos casos, a reabilitação neuropsicológica pode ajudar os pacientes a melhorar suas habilidades. Isso pode envolver treinamento em tarefas de orientação espacial, coordenação visuomotora e memória visuoespacial, com o objetivo de melhorar a funcionalidade do paciente no dia a dia.


6. Conclusão


As funções visuoespaciais são essenciais para a navegação e interação com o ambiente, e sua avaliação é crucial na neuropsicologia. Deficits nessas funções podem ser um sinal de diversos transtornos neurológicos e psiquiátricos, como AVC, demência, traumatismo cranioencefálico e transtornos do neurodesenvolvimento. A avaliação neuropsicológica cuidadosa e a intervenção adequada podem ajudar a melhorar a qualidade de vida do paciente, promovendo uma recuperação cognitiva mais eficaz.


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Ao longo dos últimos anos, a Psicologia Clínica e a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) passaram por importantes transformações, buscando formas de atender melhor pessoas com transtornos mentais graves e persistentes. Nesse contexto, surge a Terapia Cognitiva Orientada para a Recuperação (CT-R) — uma abordagem inovadora, desenvolvida a partir dos fundamentos da TCC, com foco especial em esperança, ativação motivacional e fortalecimento do senso de identidade . Criada por Aaron T. Beck , Paul Grant e colaboradores, a CT-R foi pensada para ir além do alívio de sintomas, ajudando os pacientes a construírem uma vida significativa, mesmo diante de grandes desafios. Neste artigo, vamos entender o que é a CT-R, seus princípios, como ela funciona na prática clínica e por que representa um grande avanço para a saúde mental contemporânea. O que é a Terapia Cognitiva Orientada para a Recuperação (CT-R)? A CT-R é uma evolução da Terapia Cognitiva tradicional, criada para atender pessoas com esquizofrenia, transtornos psicóticos, transtorno bipolar grave e outros quadros severos . Diferente das abordagens tradicionais focadas exclusivamente na redução de sintomas, a CT-R busca despertar o desejo de viver plenamente , atuando sobre as paixões, interesses e objetivos de vida de cada indivíduo. O foco é empoderar o paciente , e não apenas controlar os sintomas. Seus pilares centrais incluem: Esperança na recuperação ; Fortalecimento da identidade positiva ; Ação baseada em valores e desejos pessoais ; Ativação motivacional constante ; Promoção da autonomia e autodeterminação . 👉 Veja também: As contribuições da neurociência para a evolução das ondas da TCC Princípios fundamentais da CT-R O paciente é mais do que seu transtorno : a CT-R trabalha para recuperar a identidade e os sonhos que muitas vezes ficam obscurecidos pela doença. Foco em pontos fortes, não em déficits : a terapia ativa talentos, interesses e motivações internas. Ativação e prática são essenciais : pequenos passos em direção a objetivos importantes aumentam o senso de agência e autoconfiança. Recuperação é possível : mesmo em condições graves, a transformação é real e possível. Construção do “Eu Ativo” : promover um senso de si baseado em escolhas, valores e participação ativa no mundo. Como funciona a CT-R na prática clínica? A CT-R é estruturada em torno de um processo de ativação personalizada : Identificação de paixões e interesses : o terapeuta explora com o paciente suas fontes internas de motivação (ex: música, culinária, esportes, cuidado com animais). Definição de metas e micro-metas : objetivos claros, factíveis e conectados com valores pessoais. Criação de um plano de ação : estruturado para promover experiências de sucesso. Superação de obstáculos internos : técnicas cognitivo-comportamentais são usadas para lidar com pensamentos desmotivadores, crenças limitantes e medos. Reforço positivo contínuo : cada pequena vitória é celebrada e consolidada. Para quem a CT-R é indicada? Pessoas com esquizofrenia ou transtornos psicóticos crônicos; Indivíduos com transtorno bipolar severo ; Pacientes com histórico de hospitalizações psiquiátricas frequentes ; Casos de desesperança, desmotivação e isolamento extremo ; Pessoas em programas de reabilitação psicossocial ; Cenários emergentes: ansiedade severa, depressão resistente e trauma complexo . Benefícios da CT-R Aumento da motivação e iniciativa pessoal; Redução de comportamentos de isolamento e apatia; Melhora da autoestima e autoconfiança; Redução de hospitalizações psiquiátricas; Reconstrução de laços sociais e familiares; Retorno a atividades significativas (trabalho, estudo, lazer). 👉 Veja também: Como a ACT promove a flexibilidade psicológica Evidências científicas sobre a CT-R Pesquisas iniciais e ensaios clínicos randomizados demonstraram que a CT-R: Melhora o funcionamento global e a qualidade de vida de pessoas com esquizofrenia (Grant et al., 2012); Reduz significativamente a gravidade de sintomas negativos (apatia, anedonia) — considerados de difícil manejo; Promove engajamento duradouro em tratamentos e reabilitação social. Além disso, estudos mostraram que pacientes em programas baseados na CT-R demonstraram maiores taxas de independência e reinserção social em comparação com abordagens tradicionais focadas apenas em sintomas. Exemplo de estudo de caso (fictício) 👨 Pedro, 32 anos Diagnóstico: esquizofrenia com sintomas negativos predominantes (isolamento, falta de motivação); Intervenção: identificação de paixão por jardinagem, definição de micro-metas semanais (regar plantas, participar de oficinas de cultivo); Resultados: Aumento progressivo da participação social; Melhora no humor e na autoestima; Redução de sintomas de isolamento e desesperança. Como se capacitar em CT-R? Cursos internacionais ministrados pela Beck Institute for Cognitive Behavior Therapy (EUA); Manuais e publicações científicas sobre CT-R (em inglês, atualmente); Integração gradual dos princípios da CT-R na prática clínica de TCC tradicional. 👉 Veja também: Treinamento de terapeutas em ACT: um guia para iniciantes Conclusão A Terapia Cognitiva Orientada para a Recuperação (CT-R) representa uma evolução ética, clínica e humana dentro das terapias cognitivo-comportamentais . Ela amplia o foco da intervenção para além da remissão de sintomas, investindo na recuperação da identidade, na ativação da esperança e no florescimento do potencial humano . Com a CT-R, a clínica deixa de perguntar apenas "quais sintomas você apresenta?" e passa a perguntar: "Quais sonhos você ainda quer realizar?" Quer se aprofundar em abordagens inovadoras como a CT-R e transformar sua prática clínica? Participe da Formação Permanente do IC&C e esteja entre os profissionais que fazem a diferença, com ciência, sensibilidade e propósito.
Por Matheus Santos 21 de abril de 2025
Quando uma criança ou adolescente passa a evitar sistematicamente a escola — com choro, queixas físicas, crises de ansiedade ou até isolamento social — estamos diante de um fenômeno que exige atenção clínica: a recusa escolar .  Mais do que um comportamento isolado, a recusa escolar pode ser expressão de sofrimento emocional, dificuldades cognitivas, quadros ansiosos ou conflitos familiares , e sua condução requer sensibilidade e um olhar multidimensional. Nesse contexto, a avaliação neuropsicológica torna-se uma ferramenta poderosa para identificar os fatores envolvidos e direcionar intervenções eficazes e integradas. O que é recusa escolar? A recusa escolar se caracteriza por uma resistência significativa em frequentar ou permanecer na escola , geralmente acompanhada de sofrimento psicológico evidente. Não se trata de rebeldia ou negligência, mas de um sinal clínico multifatorial , que pode incluir: Medo intenso de separação; Ansiedade social; Dificuldades de aprendizagem; Bullying ou trauma escolar; Transtornos do neurodesenvolvimento; Desorganização familiar ou mudanças bruscas na rotina. Quando suspeitar de recusa escolar com base clínica? Queixas somáticas frequentes antes do horário escolar (dor de cabeça, enjoo, dores no corpo); Choro ou crises de pânico diante da ideia de ir à escola; Faltas frequentes ou evasão silenciosa; Alta seletividade em contextos sociais; Ausência de interesse por atividades escolares, apesar de gostar de aprender; Melhora rápida dos sintomas em casa ou aos finais de semana. 👉 Veja também: Avaliação neuropsicológica na ansiedade infantil A importância da avaliação neuropsicológica A avaliação neuropsicológica é essencial em casos de recusa escolar por diversos motivos: Identifica o perfil cognitivo e emocional do indivíduo; Diferencia causas primárias (ansiedade, depressão, TDAH, TEA) de causas secundárias (conflitos escolares, bullying, ambiente disfuncional); Permite compreender os impactos da ausência escolar no desenvolvimento acadêmico; Subsidia o planejamento terapêutico e pedagógico personalizado; Dá voz à criança ou adolescente por meio de observações indiretas e análise contextual. O que avaliar? Funções cognitivas gerais : Atenção, memória, raciocínio lógico, linguagem; Funções executivas (planejamento, inibição, flexibilidade). Aspectos emocionais e afetivos : Sintomas ansiosos, humor deprimido, autoestima; Regulação emocional e tolerância à frustração. Habilidades sociais e adaptativas : Participação em grupos, interação com pares e adultos; Grau de independência nas atividades diárias. Motivação escolar e autorregulação : Relação da criança com tarefas, rotina e responsabilidades; Percepção de autoeficácia. Instrumentos recomendados Cognitivos: WISC-V ou Leiter-3 (quando há barreiras verbais); Torre de Londres, TMT A/B, Stroop Test ; RAVEN – Matrizes Progressivas (complemento não verbal). Comportamentais e emocionais: CBCL (Child Behavior Checklist) ; Inventário de Ansiedade Infantil (MASC) ; Inventário de Depressão Infantil (CDI) ; Escala de Autorregulação Escolar . Sociofamiliares: Entrevistas com pais, professores e equipe pedagógica ; Vineland Adaptive Behavior Scales (para crianças com suspeita de TEA ou DI); Questionários sobre clima escolar e relacionamento com pares . 👉 Leia também: Como medir funções executivas na prática clínica Estudo de caso (fictício) 👧 Mariana, 10 anos Queixa: recusa para ir à escola há 3 meses; episódios de choro e dores de barriga diárias. Avaliação: WISC-V, CBCL, entrevistas com escola e pais. Achados: Inteligência dentro da média; Elevados índices de ansiedade de separação e evitação social; Traços de perfeccionismo e autocrítica intensa. Hipótese clínica : recusa escolar por quadro ansioso internalizante, com componentes de ansiedade social e medo de desempenho. Encaminhamentos : psicoterapia cognitivo-comportamental, plano de retorno escolar gradual, acolhimento familiar e escolar com estratégias colaborativas. Comorbidades comuns à recusa escolar Transtorno de Ansiedade de Separação Ansiedade Social Fobia escolar Depressão infantil Transtorno de Aprendizagem TDAH Transtornos de comportamento TEA Boas práticas na devolutiva Acolher o sofrimento emocional com escuta ativa; Evitar rótulos como “preguiça”, “drama” ou “frescura”; Validar as emoções da criança e da família; Compartilhar os achados com clareza e empatia; Propor um plano de intervenção escolar colaborativo , com passos pequenos e realistas; Recomendar psicoterapia baseada em evidências , quando necessário. Conclusão A recusa escolar é um fenômeno complexo que exige um olhar clínico, ético e contextualizado. A avaliação neuropsicológica amplia a escuta, organiza o entendimento das causas e aponta caminhos viáveis para reconstruir o vínculo entre o aluno e o ambiente escolar. Mais do que um laudo, a neuropsicologia oferece um mapa de possibilidades — para que cada criança possa voltar a aprender com segurança, pertencimento e autonomia. Quer aprender a avaliar e intervir em casos complexos como recusa escolar, TDAH, TEA e ansiedade? Participe da Formação Permanente do IC&C e domine os instrumentos, critérios clínicos e estratégias práticas para atuar com excelência e sensibilidade.
Por Matheus Santos 21 de abril de 2025
O mutismo seletivo é um transtorno de ansiedade caracterizado pela incapacidade consistente de falar em determinados contextos sociais , apesar da capacidade preservada de comunicação verbal em outras situações. Por exemplo, a criança pode conversar normalmente com familiares em casa, mas permanecer completamente em silêncio na escola ou diante de pessoas menos familiares. Embora raro, o mutismo seletivo é frequentemente mal compreendido ou confundido com timidez extrema, autismo, recusa escolar ou até desinteresse , atrasando intervenções adequadas. A avaliação neuropsicológica, quando bem conduzida, é uma ferramenta poderosa para entender esse quadro , identificar comorbidades e orientar estratégias sensíveis e eficazes. O que é o mutismo seletivo Segundo o DSM-5, os critérios diagnósticos para mutismo seletivo incluem: Incapacidade consistente de falar em situações sociais específicas nas quais há expectativa de fala (por exemplo, na escola), apesar de falar em outras situações; Interferência com o desempenho educacional ou ocupacional ou com a comunicação social; Duração de pelo menos um mês (não limitado ao primeiro mês de escola); A falha em falar não se deve à falta de conhecimento ou conforto com a linguagem exigida na situação; A dificuldade não é melhor explicada por um transtorno da comunicação (por exemplo, transtorno de fluência) ou por outros transtornos do neurodesenvolvimento, esquizofrenia ou transtorno psicótico. Quando suspeitar de mutismo seletivo? A criança fala normalmente com familiares , mas não fala em sala de aula ou com colegas; Evita interações sociais que exijam fala (como apresentações, leitura em voz alta, responder chamadas); Permanece em silêncio por meses ou anos em contextos escolares, mesmo com bom desempenho acadêmico; Apresenta respostas ansiosas intensas diante da expectativa de comunicação verbal; Usa estratégias alternativas de comunicação (olhar, gestos, escrita) para evitar falar. 👉 Veja também: Avaliação neuropsicológica em crianças com TDAH  Diferença entre mutismo seletivo, timidez, ansiedade social e TEA
Por Matheus Santos 20 de abril de 2025
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento que impacta a comunicação, a interação social e os padrões de comportamento. Ao contrário do que se acreditava no passado, o autismo não é uma condição única ou homogênea — ele se manifesta de formas muito diversas, exigindo um olhar sensível, técnico e individualizado. A avaliação neuropsicológica no TEA é uma das ferramentas mais potentes para entender o funcionamento global da pessoa autista , identificar comorbidades e orientar estratégias terapêuticas e educacionais baseadas em evidências. Neste artigo, você vai entender: O que caracteriza o TEA segundo os manuais diagnósticos; Como a avaliação neuropsicológica contribui para o diagnóstico e intervenção; Quais funções cognitivas, sociais e adaptativas devem ser avaliadas; Quais testes e estratégias são recomendadas; Como comunicar os resultados de forma ética e acolhedora. O que é o Transtorno do Espectro Autista? De acordo com o DSM-5 , o TEA é caracterizado por: Déficits persistentes na comunicação e na interação social em múltiplos contextos; Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades ; Os sintomas devem estar presentes desde o início do desenvolvimento ; Devem causar prejuízo clínico significativo; E não serem melhor explicados por deficiência intelectual isolada ou atraso global do desenvolvimento. O CID-11 adota uma estrutura similar, mas enfatiza a variabilidade de apresentação clínica , especialmente no que diz respeito ao uso da linguagem e à presença de deficiência intelectual associada. Por que a avaliação neuropsicológica é essencial no TEA? A avaliação neuropsicológica no TEA não é feita para “confirmar” o diagnóstico , mas sim para: Compreender o perfil funcional e cognitivo da pessoa autista ; Identificar pontos fortes e áreas de suporte ; Detectar comorbidades comuns , como TDAH, transtornos de aprendizagem, ansiedade ou depressão; Subsidiar planos terapêuticos, educacionais e intervenções específicas ; Apoiar o processo de adaptação curricular, inclusão escolar e orientações familiares . 👉 Veja também: Como interpretar testes neuropsicológicos de forma contextualizada Quais habilidades devem ser avaliadas? Funções cognitivas gerais : Inteligência verbal e não verbal Memória de trabalho Raciocínio lógico Atenção e funções executivas Habilidades adaptativas : Comunicação funcional Independência nas atividades diárias Participação social Aspectos socioemocionais : Habilidades de reconhecimento e regulação emocional Compreensão de intenções e metáforas Rigidez comportamental e interesses específicos Pragmática da linguagem e interação social : Uso social da linguagem Capacidade de manter conversas Interpretação de gestos, expressões faciais e pistas sociais Testes e instrumentos recomendados Inteligência e raciocínio: WISC-V ou WAIS-IV Leiter-3 (quando há dificuldades de linguagem) RAVEN - Matrizes Progressivas Coloridas Funções executivas e atenção: Torre de Londres Trail Making Test (TMT A/B) Stroop Test Span de dígitos e Corsi Linguagem e pragmática: ABFW - Teste de linguagem infantil Provas de linguagem funcional e narrativa Avaliação de inferência social e metáforas Habilidades adaptativas e sociais: Vineland Adaptive Behavior Scales Escala de Responsividade Social (SRS) CBCL / TRF / BASC-3 👉 Veja também: Avaliação neuropsicológica na deficiência intelectual Estudo de caso (fictício) 👦 Lucas, 7 anos Queixa: dificuldade em interações sociais e comportamento repetitivo. Avaliação: WISC-V, Torre de Londres, SRS, Vineland, entrevistas com pais e escola. Resultados: QI verbal e não verbal dentro da média; Dificuldades marcantes em flexibilidade cognitiva e atenção conjunta; Perfil adaptativo compatível com TEA leve, sem deficiência intelectual. Encaminhamentos : intervenção comportamental, treino de habilidades sociais, apoio escolar com mediação pedagógica e suporte psicológico para a família. Comorbidades frequentes no TEA TDAH : impulsividade, desatenção e hiperatividade; Ansiedade social e fobias específicas ; Transtornos de aprendizagem (especialmente dislexia e discalculia); Transtornos do sono e da alimentação ; Depressão (mais comum na adolescência e vida adulta) . A avaliação neuropsicológica ajuda a diferenciar sintomas que fazem parte do espectro daqueles que representam comorbidades importantes a serem tratadas separadamente. TEA x TDAH x TANV x TDC: principais diferenças
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