O impacto da ACT na superação de traumas e adversidades
👉 Webinário
Gratuito e Online
com a PHD Judith Beck
Nesta masterclass exclusiva, você vai:
• Descobrir as mais recentes inovações em TCC
• Entender as tendências que estão moldando o futuro da terapia
• Aprender insights práticos diretamente de uma referência mundial
• Participar de um momento histórico para a TCC no Brasil"
A Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT – Acceptance and Commitment Therapy) tem ganhado cada vez mais destaque como abordagem eficaz para lidar com diferentes condições de sofrimento, incluindo quadros de depressão, ansiedade, dores crônicas e — como abordaremos aqui — situações de trauma. Em vez de focar estritamente em mudar o conteúdo dos pensamentos ou reviver exaustivamente o passado, a ACT enfatiza a aceitação das experiências internas, a desfusão cognitiva e o compromisso com valores pessoais, convidando o indivíduo a retomar gradualmente suas metas de vida apesar das adversidades. Assim, a ACT oferece um caminho promissor para quem enfrenta traumas, pois auxilia na criação de uma nova relação com as lembranças dolorosas, sem negar suas consequências e, ao mesmo tempo, sem se deixar paralisar por elas.
Neste texto, vamos discutir os princípios da ACT aplicados a traumas e adversidades, bem como exemplos de exercícios e estudos de caso. Se você deseja aprofundar ainda mais seu conhecimento sobre Terapias de Terceira Onda, Neuropsicologia e Avaliação Neuropsicológica, convidamos você a visitar o nosso blog e também conhecer a Formação Permanente da IC&C (Intervenções Cognitivas e Comportamentais), que oferece teoria atualizada e prática supervisionada em diferentes abordagens cognitivas e comportamentais.
Índice
- Compreendendo traumas e adversidades
- Fundamentos da ACT aplicados a traumas
- Principais processos da ACT na superação de traumas
3.1 Aceitação
3.2 Desfusão cognitiva
3.3 Contato com o momento presente (mindfulness)
3.4 Eu como contexto
3.5 Valores pessoais
3.6 Ação comprometida - Exemplos de intervenções e exercícios no contexto de trauma
4.1 Exercício de “expansão” para sensações dolorosas
4.2 Metáfora das “folhas no rio” e lembranças traumáticas
4.3 Contato com valores após um evento traumático - Estudos de caso e evidências científicas
- Desafios e recomendações ao aplicar ACT em traumas
- Conclusão e próximos passos
1. Compreendendo traumas e adversidades
Um evento traumático pode ser definido como qualquer situação percebida como ameaçadora, na qual a pessoa experiencia ou testemunha riscos graves à integridade física ou psicológica. Exemplos incluem acidentes, desastres naturais, violência, abuso, entre outros. Contudo, a maneira como cada indivíduo lida com essas experiências varia muito, dependendo de fatores biológicos, psicossociais e do contexto em que o evento ocorre.
- Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT): quadro caracterizado por revivescência de memórias, hiperexcitabilidade e esquiva de lembranças associadas ao trauma.
- Traumas complexos: situações repetitivas de abusos ou negligências, que impactam gravemente a identidade e as relações interpessoais.
- Adversidades de vida: não necessariamente se enquadram em diagnósticos específicos, mas podem deixar marcas profundas no funcionamento emocional e comportamental.
A ACT propõe uma forma alternativa de abordar essas memórias dolorosas, concentrando-se na mudança do relacionamento com as lembranças, em vez de simplesmente tentar eliminá-las.
2. Fundamentos da ACT aplicados a traumas
A Terapia de Aceitação e Compromisso baseia-se em dois grandes pilares:
- Aceitação (das experiências internas)
- Compromisso (com ações alinhadas a valores)
Em cenários de trauma, pode haver uma luta constante para controlar, esquecer ou bloquear memórias e emoções negativas. Essa tentativa de evitar pode até trazer alívio momentâneo, mas tende a perpetuar o sofrimento a longo prazo. Assim, a ACT reconhece que esses conteúdos internos podem não ser modificáveis, mas ainda assim a pessoa pode criar uma vida significativa, sem precisar ficar à mercê dessas lembranças ou sentimentos.
3. Principais processos da ACT na superação de traumas
3.1 Aceitação
O paciente é convidado a permitir que pensamentos e sensações decorrentes do trauma surjam, sem fugir ou se debater contra eles. Aceitar não significa concordar ou gostar do que ocorreu, mas sim reconhecer que o evento aconteceu e permitir-se sentir a dor associada, numa postura de acolhimento.
3.2 Desfusão cognitiva
Traumas costumam gerar pensamentos recorrentes do tipo: “Foi minha culpa”, “Eu nunca mais serei o mesmo”, “Não há esperança”. A desfusão ensina o indivíduo a perceber esses pensamentos como eventos mentais, não como fatos absolutos. Através de exercícios (ex.: “folhas no rio”), o paciente aprende a desgrudar dessas narrativas, evitando que elas ditam o comportamento.
3.3 Contato com o momento presente (mindfulness)
Eventos traumáticos frequentemente levam a revivescência (flashbacks) e mind wandering doloroso. Práticas de mindfulness ajudam a ancorar a atenção ao “aqui e agora”, criando um espaço para notar e validar o que ocorre no corpo e na mente sem reatividade excessiva.
3.4 Eu como contexto
Após um trauma, é comum a pessoa fundir-se à experiência, definindo-se como “vítima” ou “indigna”. A ACT enfatiza o self observador, lembrando que a pessoa é maior que os conteúdos mentais e as experiências passadas — esses eventos não definem totalmente quem ela é.
3.5 Valores pessoais
Traumas abalam a sensação de propósito ou segurança na vida. Nesse ponto, a ACT propõe reconexão com valores: quais são os princípios ou direções que fazem a existência valer a pena? Essa clareza motiva ações mesmo na presença de dor emocional.
3.6 Ação comprometida
Com base nos valores identificados, o paciente é encorajado a agir, mesmo que surjam lembranças ou emoções desconfortáveis. Essa exposição comportamental ao que importa promove uma reescrita da história, fortalecendo a autonomia e a esperança.
4. Exemplos de intervenções e exercícios no contexto de trauma
4.1 Exercício de “expansão” para sensações dolorosas
- Objetivo: Ajudar o paciente a abrir espaço para sensações associadas ao trauma (como aperto no peito, nó na garganta), em vez de lutar contra elas.
- Procedimento: O terapeuta conduz uma prática breve, pedindo ao paciente que feche os olhos, foque na respiração e “expanda” o local onde sente maior desconforto, permitindo que ele exista e se mova sem tentar suprimi-lo.
- Efeito: Reduz a evitação experiencial, promovendo maior aceitação e tolerância ao desconforto.
4.2 Metáfora das “folhas no rio” e lembranças traumáticas
- Objetivo: Demonstrar a desfusão de pensamentos e memórias dolorosas.
- Procedimento: Conduzir imaginação guiada em que cada pensamento ou lembrança traumática é colocado em uma folha que flutua rio abaixo. O paciente observa sem agarrar ou expulsar a folha.
- Efeito: Fortalece a percepção de que as lembranças podem surgir, mas não precisam paralisar a ação nem definir a identidade.
4.3 Contato com valores após um evento traumático
- Objetivo: Reconstruir um senso de propósito e reorientar a vida após trauma.
- Procedimento: O terapeuta convida a pessoa a listar áreas importantes (família, amizade, espiritualidade, trabalho, criatividade etc.). Em cada área, pergunta: “O que você gostaria de cultivar ou realizar, independentemente do que aconteceu?”.
- Efeito: Gera motivação e engajamento na direção de um futuro desejado, mesmo que haja dor e lembranças incômodas.
5. Estudos de caso e evidências científicas
Diversas pesquisas apontam eficácia da ACT em transtornos relacionados a trauma, como TEPT. Ensaios clínicos mostram que a prática de aceitação e desfusão pode reduzir sintomatologia de revivência, esquiva e hiperexcitabilidade, além de melhorar a funcionalidade geral.
Exemplificando:
- Caso: Mulher com histórico de violência doméstica, com culpa intensa e reatividade a gatilhos de som de voz masculina. Com ACT, trabalhou desfusão (“Não sou obrigada a acreditar em tudo que minha mente diz”), aceitação de ansiedade e reconexão com valores (buscar independência financeira, criar novas amizades). Em algumas semanas, notou diminuição de crises e retomou planejamento de carreira.
6. Desafios e recomendações ao aplicar ACT em traumas
- Intensidade emocional: O psicoterapeuta deve dosar a introdução de exercícios de aceitação, evitando sobrecarregar ou revitimizar o paciente.
- Possíveis comorbidades: Casos de trauma podem envolver transtornos de humor, uso abusivo de substâncias, ideação suicida etc., exigindo abordagens multidisciplinares e, muitas vezes, supervisão especializada.
- Ambiente de segurança: É essencial estabelecer um setting terapêutico acolhedor e psicoeducar sobre o que significa “aceitar” e “comprometer-se com a vida” após um evento traumático tão impactante.
7. Conclusão e próximos passos
A Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) contribui de forma significativa para a superação de traumas e adversidades, ao permitir que o paciente modifique a relação com as lembranças e sensações dolorosas, sem negar ou suprimir o que aconteceu. Mediante processos de aceitação, desfusão, mindfulness, autodescoberta de valores e ação comprometida, a pessoa pode recuperar o senso de autorrealização e esperança, mesmo que a dor não seja inteiramente apagada.
Para profissionais interessados em aprofundar suas competências em ACT, recomenda-se:
- Formação específica em Terapias de Terceira Onda, participando de workshops, supervisões e discussões de casos direcionados a quadros de trauma.
- Leitura de casos clínicos e acompanhamento de pesquisas sobre ACT em TEPT, traumas complexos e adversidades persistentes.
- Integração com outras abordagens cognitivo-comportamentais (ex.: exposição gradual, reestruturação cognitiva) ou intervenções médicas, caso necessário.
Se você deseja desenvolver habilidades práticas e a visão teórica necessária para atuar com ACT e outras estratégias cognitivas e comportamentais no contexto de traumas, convidamos você a conhecer a Formação Permanente na IC&C, onde teoria e supervisão clínica se unem para preparar terapeutas focados na promoção do bem-estar. Além disso, acesse nosso blog para ler artigos e reflexões sobre Terapias de Terceira Onda, Neuropsicologia e Avaliação Neuropsicológica.
Invista em sua formação e ofereça aos pacientes vítimas de traumas um cuidado embasado na ACT, promovendo maior qualidade de vida e o resgate de valores preciosos, mesmo diante das adversidades mais desafiadoras.
👉 Webinário Gratuito e Online
com a PHD Judith Beck
Nesta masterclass exclusiva, você vai:
• Descobrir as mais recentes inovações em TCC
• Entender as tendências que estão moldando o futuro da terapia
• Aprender insights práticos diretamente de uma referência mundial
• Participar de um momento histórico para a TCC no Brasil"
Confira mais posts em nosso blog!

Avaliação Neuropsicológica Baseada em Evidências: Como Alinhar Prática Clínica e Pesquisa Científica


Trabalhar Crenças Centrais: O Desafio Clínico Mais Transformador da Terapia Cognitivo-Comportamental






