Terapia de Aceitação e Compromisso e a prevenção do burnout

Matheus Santos • 1 de março de 2025

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A Síndrome de Burnout é um estado de esgotamento físico e mental relacionado à sobrecarga ou ao estresse excessivo no ambiente de trabalho. Mais do que um simples cansaço, o Burnout costuma provocar exaustão emocional, despersonalização e sensação de ineficácia, trazendo prejuízos significativos para a vida pessoal e profissional do indivíduo. Nesse cenário, a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT), uma das principais abordagens da chamada Terapia de Terceira Onda, tem se mostrado cada vez mais relevante para a prevenção e o enfrentamento desse problema que afeta milhões de pessoas em todo o mundo.


Este texto irá explorar a fundo os principais conceitos da ACT, a compreensão do Burnout do ponto de vista psicológico, bem como estratégias práticas para prevenir e manejar esse quadro. Além disso, abordaremos a Avaliação Psicológica e a Avaliação Neuropsicológica como ferramentas fundamentais para mapear fatores cognitivos e emocionais que podem contribuir para o desenvolvimento da síndrome.


Ao final do texto, você encontrará uma chamada para ação para conhecer nossa Formação Permanente, um programa que oferece suporte contínuo para profissionais que desejam aprofundar seus conhecimentos em Neuropsicologia, Psicologia e Terapias de Terceira Onda. Também o convidaremos a explorar artigos específicos no nosso blog da IC&C para se manter atualizado.


Sumário


  1. O que é Burnout?
  2. Como a ACT se encaixa na Terapia de Terceira Onda
  3. Princípios fundamentais da Terapia de Aceitação e Compromisso
  4. Estratégias da ACT para prevenção do Burnout
  5. Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no contexto do Burnout
  6. Benefícios e desafios na aplicação da ACT para Burnout
  7. Conclusão
  8. Chamada para ação


O que é Burnout?


A Síndrome de Burnout é caracterizada por um alto nível de estresse relacionado ao trabalho, levando a uma combinação de exaustão física e emocional, distanciamento afetivo e sentimento de ineficiência. Reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um fenômeno ocupacional, o Burnout não afeta apenas a saúde mental do indivíduo, mas pode impactar diretamente sua produtividade, relações interpessoais e qualidade de vida.


Principais características do Burnout


  • Exaustão emocional: sensação de não ter mais energia para realizar tarefas, seja no contexto profissional ou em outras esferas da vida.
  • Despersonalização (ou cinismo): postura de indiferença ou distanciamento em relação a colegas, clientes ou pacientes, frequentemente expressa por irritabilidade ou falta de empatia.
  • Sensação de ineficácia: sentimento de incompetência ou falta de realização pessoal no trabalho, alimentando baixa autoestima e frustração.


É importante salientar que cada pessoa vivencia o Burnout de forma única. Fatores individuais, como características de personalidade, condições de trabalho e histórico prévio de transtornos mentais, podem influenciar tanto a intensidade quanto a forma como o quadro se manifesta.


Dica de leitura: Para quem deseja entender mais sobre como questões cognitivas e comportamentais se relacionam com o Burnout, recomendamos este artigo do nosso blog que explora de que modo a Avaliação Neuropsicológica pode ajudar a mapear dificuldades que contribuem para a manifestação dessa síndrome.


Como a ACT se encaixa na Terapia de Terceira Onda


A Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) faz parte de um grupo de abordagens cognitivo-comportamentais conhecidas como Terapias de Terceira Onda. Enquanto as primeiras ondas da TCC focam principalmente na modificação direta de comportamentos e pensamentos disfuncionais, a terceira onda (ACT, DBT, MBCT, entre outras) enfatiza a relação que a pessoa estabelece com os próprios pensamentos e emoções.


Principais diferenciais da ACT


  1. Aceitação: em vez de lutar constantemente para eliminar sentimentos ou pensamentos desagradáveis, a ACT sugere que o indivíduo desenvolva uma postura mais acolhedora e menos reativa em relação aos conteúdos internos.
  2. Mindfulness: práticas de atenção plena visam ajudar a pessoa a permanecer no momento presente, reconhecendo e aceitando sensações, emoções e cognições sem se perder nelas.
  3. Valores pessoais: ao explorar o que de fato é importante para o indivíduo, a ACT promove ações direcionadas pelos valores fundamentais, o que gera motivação e sentido na vida.
  4. Compromisso: após identificar valores e trabalhar a aceitação, o próximo passo é assumir um compromisso comportamental, direcionando a vida na direção que faz sentido para a pessoa.


A ACT não é uma negação das técnicas cognitivo-comportamentais tradicionais, mas sim uma expansão do repertório de intervenções. Sua aplicação para a prevenção do Burnout se tornou especialmente relevante, pois grande parte do sofrimento associado ao estresse ocupacional está na forma como a pessoa lida com demandas externas e internas, incluindo padrões de perfeccionismo, medo do fracasso e excesso de autocrítica.


Princípios fundamentais da Terapia de Aceitação e Compromisso


Para compreender como a ACT pode auxiliar na prevenção do Burnout, é fundamental conhecer seus principais pilares. A abordagem se baseia em seis processos centrais, que podem ser agrupados em três dimensões:


1. Aceitação e Mindfulness


  • Aceitação (Acceptance): trata-se de acolher os eventos internos (sensações, emoções e pensamentos) em vez de tentar combatê-los ou evitá-los. É um processo ativo, que requer abertura e disposição para sentir.
  • Desfusão cognitiva (Cognitive Defusion): técnica que ensina o indivíduo a se distanciar de seus pensamentos, percebendo-os como eventos mentais, e não como verdades absolutas.


2. Contato com o momento presente e Self como contexto


  • Contato com o momento presente: práticas de mindfulness e outros exercícios de atenção plena auxiliam a pessoa a se conectar com o aqui e agora, reduzindo ruminações sobre o passado ou preocupações excessivas com o futuro.
  • Self como contexto: propõe a ideia de que o indivíduo não é o conteúdo de seus pensamentos, mas aquele que observa esses pensamentos. Isso favorece a flexibilidade para lidar com estados internos difíceis.


3. Valores e Ação comprometida


  • Clareza de valores (Values): identificação e esclarecimento do que é realmente importante e significativo na vida do indivíduo, servindo como guia para suas decisões e comportamentos.
  • Ação comprometida (Committed Action): envolve estabelecer metas e agir de forma coerente com os valores identificados, mesmo diante de obstáculos internos (medos, inseguranças) e externos.


Por que esses processos são relevantes para quem sofre de Burnout?


Porque grande parte do esgotamento crônico advém de conflitos entre o que a pessoa
valoriza e o que ela está fazendo no dia a dia. Muitos profissionais acabam ignorando necessidades pessoais (de descanso, lazer e convívio social) em prol de metas de produtividade que não refletem necessariamente seus valores mais profundos. Nesse contexto, a ACT ajuda a retomar o alinhamento entre escolhas diárias e propósitos de vida.


Estratégias da ACT para prevenção do Burnout


A prevenção do Burnout por meio da ACT envolve a aplicação prática desses princípios. Abaixo, listamos algumas estratégias e exercícios que podem ser utilizados por profissionais de saúde mental e pelos próprios indivíduos interessados em reforçar a saúde emocional no ambiente de trabalho.


1. Exercícios de Aceitação


  • Escala de desconforto: pedir ao paciente para avaliar, em uma escala de 0 a 10, o nível de desconforto sentido ao entrar em contato com situações estressoras. A ideia é treinar a percepção desse desconforto para, gradualmente, aceitar sua presença em vez de evitá-lo.
  • Prática de respiração focada: quando pensamentos de cansaço extremo ou irritação surgirem, a pessoa é orientada a fazer respirações profundas e focar nas sensações físicas, permitindo que os pensamentos e emoções existam sem precisar suprimi-los.


2. Desfusão cognitiva no ambiente de trabalho


  • Rotulando pensamentos: quando surge um pensamento do tipo “sou incompetente” ou “eu não vou dar conta”, a pessoa aprende a rotular esses pensamentos como “estou tendo o pensamento de que sou incompetente”, criando um distanciamento que reduz o impacto emocional.
  • Exercício de “folha no riacho”: imaginar que cada pensamento desagradável é colocado em uma folha que flutua em um riacho, seguindo o fluxo da água. Isso exemplifica a impermanência dos pensamentos, que surgem e vão embora.


3. Contato com o momento presente


  • Mindfulness informal: ao longo do dia, reservar pequenos intervalos para prestar atenção, de forma intencional, ao que está acontecendo — sejam sensações corporais, estímulos do ambiente ou emoções que emergem.
  • Walking mindfulness: caminhar focando nos passos, na respiração e no contato dos pés com o chão. Em ambientes de trabalho maiores, pode ser feito nos corredores ou em espaços abertos.


4. Identificação de valores


  • Exercício de valores centrais: o terapeuta pode aplicar questionários ou promover reflexões que ajudem o indivíduo a elencar áreas importantes (família, carreira, saúde, espiritualidade, lazer, etc.) e a definir o que ele realmente valoriza em cada uma.
  • Construir metas alinhadas: a partir dos valores mapeados, traçar objetivos concretos que possam ser implementados gradualmente. Por exemplo, se a pessoa valoriza “qualidade no relacionamento familiar”, pode estabelecer uma meta de dedicar pelo menos duas noites da semana para atividades familiares.


5. Ação comprometida


  • Planejamento de mudança: definir passos específicos para alinhar as ações diárias aos valores. Isso pode envolver reorganizar horários, delegar tarefas, negociar prazos ou até mesmo buscar um novo emprego em casos extremos.
  • Autoavaliação contínua: criar um diário ou planilha para registrar as ações realizadas em prol dos valores declarados. Essa estratégia ajuda a manter a motivação e a identificar pontos de ajuste.


Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no contexto do Burnout


Tanto a Avaliação Psicológica quanto a Avaliação Neuropsicológica são fundamentais para mapear aspectos cognitivos e emocionais que podem intensificar ou atenuar o risco de Burnout. Algumas das razões para isso incluem:


  1. Identificação de padrões de pensamento disfuncional: como perfeccionismo, autocrítica severa e tendência à ruminação, que muitas vezes impulsionam o estresse ocupacional.
  2. Avaliação de funções executivas: incluindo atenção, memória de trabalho e flexibilidade cognitiva, frequentemente afetadas em quadros de estresse crônico.
  3. Mapeamento de reações emocionais: avaliação de traços de personalidade, níveis de ansiedade e sintomas depressivos que podem interagir com o contexto de trabalho.
  4. Planejamento terapêutico: com base nos resultados, o profissional pode indicar estratégias específicas de ACT ou de outras abordagens cognitivas que sejam mais adequadas a cada perfil.


Sugestão de leitura: se você deseja compreender em detalhes como uma avaliação robusta pode direcionar o tratamento e a prevenção do Burnout, confira este artigo no nosso blog sobre Avaliação Psicológica e Neuropsicológica e entenda por que esses processos são essenciais para um cuidado personalizado.


Benefícios e desafios na aplicação da ACT para Burnout


A ACT oferece uma abordagem inovadora que, ao invés de lutar contra pensamentos estressantes, promove a aceitação desses conteúdos internos ao mesmo tempo em que estimula ações consistentes com valores pessoais. Contudo, como qualquer modelo de intervenção, a aplicação no contexto do Burnout pode apresentar benefícios e desafios.


Benefícios


  • Flexibilidade psicológica: a pessoa aprende a lidar de forma mais saudável com eventos internos (emoções e pensamentos), evitando ruminações e melhorando sua capacidade de resiliência.
  • Alinhamento de valores e ações: a clareza de valores faz com que decisões profissionais e pessoais sejam tomadas com mais propósito, reduzindo o sentimento de vazio ou desconexão.
  • Ferramentas práticas: exercícios de mindfulness, desfusão cognitiva e aceitação podem ser facilmente integrados à rotina de trabalho, fortalecendo o manejo de situações estressoras.
  • Foco no “ser” em vez do “ter que ser”: há uma quebra do modelo perfeccionista que muitas vezes alimenta o Burnout, substituindo-o por uma postura de abertura e compromisso com o que realmente importa.


Desafios


  • Resistência inicial: muitos indivíduos acostumados a controlar ou reprimir emoções podem resistir ao conceito de “aceitação” e “flexibilidade”, considerando-os como fraqueza ou falta de ação.
  • Cultura organizacional: em empresas que reforçam a competitividade extrema e a disponibilidade total, o praticante de ACT pode encontrar barreiras para implementar mudanças relacionadas ao equilíbrio de vida e trabalho.
  • Falta de tempo: a rotina acelerada pode dificultar a prática de mindfulness e exercícios de reflexão de valores. Criar brechas na agenda é fundamental para implementar a ACT de forma efetiva.
  • Necessidade de suporte profissional: em casos mais graves, a autoaplicação de técnicas da ACT pode não ser suficiente, sendo indispensável o acompanhamento com psicólogos ou outros profissionais da saúde mental.


Conclusão


A Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT), como parte das Terapias de Terceira Onda, oferece uma abordagem eficaz e acolhedora para a prevenção do Burnout. Ao trabalhar a flexibilidade psicológica, a aceitação de pensamentos e emoções e a identificação de valores, a ACT possibilita que os indivíduos desenvolvam maior resiliência frente às pressões do dia a dia. Além disso, a ênfase no momento presente (mindfulness) e o compromisso em agir de forma coerente com aquilo que é significativo ajuda a criar um equilíbrio mais saudável entre vida pessoal e profissional.


A aplicação da ACT no contexto do Burnout se torna ainda mais potente quando combinada com uma Avaliação Psicológica e Avaliação Neuropsicológica cuidadosa, que permite identificar as características individuais, os pontos de vulnerabilidade e as forças de cada paciente. Com essa compreensão, o profissional de saúde mental consegue implementar intervenções mais precisas e personalizadas, aumentando as chances de sucesso e a satisfação do cliente ao longo do processo terapêutico.


Chamada para ação


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Ao longo dos últimos anos, a Psicologia Clínica e a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) passaram por importantes transformações, buscando formas de atender melhor pessoas com transtornos mentais graves e persistentes. Nesse contexto, surge a Terapia Cognitiva Orientada para a Recuperação (CT-R) — uma abordagem inovadora, desenvolvida a partir dos fundamentos da TCC, com foco especial em esperança, ativação motivacional e fortalecimento do senso de identidade . Criada por Aaron T. Beck , Paul Grant e colaboradores, a CT-R foi pensada para ir além do alívio de sintomas, ajudando os pacientes a construírem uma vida significativa, mesmo diante de grandes desafios. Neste artigo, vamos entender o que é a CT-R, seus princípios, como ela funciona na prática clínica e por que representa um grande avanço para a saúde mental contemporânea. O que é a Terapia Cognitiva Orientada para a Recuperação (CT-R)? A CT-R é uma evolução da Terapia Cognitiva tradicional, criada para atender pessoas com esquizofrenia, transtornos psicóticos, transtorno bipolar grave e outros quadros severos . Diferente das abordagens tradicionais focadas exclusivamente na redução de sintomas, a CT-R busca despertar o desejo de viver plenamente , atuando sobre as paixões, interesses e objetivos de vida de cada indivíduo. O foco é empoderar o paciente , e não apenas controlar os sintomas. Seus pilares centrais incluem: Esperança na recuperação ; Fortalecimento da identidade positiva ; Ação baseada em valores e desejos pessoais ; Ativação motivacional constante ; Promoção da autonomia e autodeterminação . 👉 Veja também: As contribuições da neurociência para a evolução das ondas da TCC Princípios fundamentais da CT-R O paciente é mais do que seu transtorno : a CT-R trabalha para recuperar a identidade e os sonhos que muitas vezes ficam obscurecidos pela doença. Foco em pontos fortes, não em déficits : a terapia ativa talentos, interesses e motivações internas. Ativação e prática são essenciais : pequenos passos em direção a objetivos importantes aumentam o senso de agência e autoconfiança. Recuperação é possível : mesmo em condições graves, a transformação é real e possível. Construção do “Eu Ativo” : promover um senso de si baseado em escolhas, valores e participação ativa no mundo. Como funciona a CT-R na prática clínica? A CT-R é estruturada em torno de um processo de ativação personalizada : Identificação de paixões e interesses : o terapeuta explora com o paciente suas fontes internas de motivação (ex: música, culinária, esportes, cuidado com animais). Definição de metas e micro-metas : objetivos claros, factíveis e conectados com valores pessoais. Criação de um plano de ação : estruturado para promover experiências de sucesso. Superação de obstáculos internos : técnicas cognitivo-comportamentais são usadas para lidar com pensamentos desmotivadores, crenças limitantes e medos. Reforço positivo contínuo : cada pequena vitória é celebrada e consolidada. Para quem a CT-R é indicada? Pessoas com esquizofrenia ou transtornos psicóticos crônicos; Indivíduos com transtorno bipolar severo ; Pacientes com histórico de hospitalizações psiquiátricas frequentes ; Casos de desesperança, desmotivação e isolamento extremo ; Pessoas em programas de reabilitação psicossocial ; Cenários emergentes: ansiedade severa, depressão resistente e trauma complexo . Benefícios da CT-R Aumento da motivação e iniciativa pessoal; Redução de comportamentos de isolamento e apatia; Melhora da autoestima e autoconfiança; Redução de hospitalizações psiquiátricas; Reconstrução de laços sociais e familiares; Retorno a atividades significativas (trabalho, estudo, lazer). 👉 Veja também: Como a ACT promove a flexibilidade psicológica Evidências científicas sobre a CT-R Pesquisas iniciais e ensaios clínicos randomizados demonstraram que a CT-R: Melhora o funcionamento global e a qualidade de vida de pessoas com esquizofrenia (Grant et al., 2012); Reduz significativamente a gravidade de sintomas negativos (apatia, anedonia) — considerados de difícil manejo; Promove engajamento duradouro em tratamentos e reabilitação social. Além disso, estudos mostraram que pacientes em programas baseados na CT-R demonstraram maiores taxas de independência e reinserção social em comparação com abordagens tradicionais focadas apenas em sintomas. Exemplo de estudo de caso (fictício) 👨 Pedro, 32 anos Diagnóstico: esquizofrenia com sintomas negativos predominantes (isolamento, falta de motivação); Intervenção: identificação de paixão por jardinagem, definição de micro-metas semanais (regar plantas, participar de oficinas de cultivo); Resultados: Aumento progressivo da participação social; Melhora no humor e na autoestima; Redução de sintomas de isolamento e desesperança. Como se capacitar em CT-R? Cursos internacionais ministrados pela Beck Institute for Cognitive Behavior Therapy (EUA); Manuais e publicações científicas sobre CT-R (em inglês, atualmente); Integração gradual dos princípios da CT-R na prática clínica de TCC tradicional. 👉 Veja também: Treinamento de terapeutas em ACT: um guia para iniciantes Conclusão A Terapia Cognitiva Orientada para a Recuperação (CT-R) representa uma evolução ética, clínica e humana dentro das terapias cognitivo-comportamentais . Ela amplia o foco da intervenção para além da remissão de sintomas, investindo na recuperação da identidade, na ativação da esperança e no florescimento do potencial humano . Com a CT-R, a clínica deixa de perguntar apenas "quais sintomas você apresenta?" e passa a perguntar: "Quais sonhos você ainda quer realizar?" Quer se aprofundar em abordagens inovadoras como a CT-R e transformar sua prática clínica? Participe da Formação Permanente do IC&C e esteja entre os profissionais que fazem a diferença, com ciência, sensibilidade e propósito.
Por Matheus Santos 21 de abril de 2025
Quando uma criança ou adolescente passa a evitar sistematicamente a escola — com choro, queixas físicas, crises de ansiedade ou até isolamento social — estamos diante de um fenômeno que exige atenção clínica: a recusa escolar .  Mais do que um comportamento isolado, a recusa escolar pode ser expressão de sofrimento emocional, dificuldades cognitivas, quadros ansiosos ou conflitos familiares , e sua condução requer sensibilidade e um olhar multidimensional. Nesse contexto, a avaliação neuropsicológica torna-se uma ferramenta poderosa para identificar os fatores envolvidos e direcionar intervenções eficazes e integradas. O que é recusa escolar? A recusa escolar se caracteriza por uma resistência significativa em frequentar ou permanecer na escola , geralmente acompanhada de sofrimento psicológico evidente. Não se trata de rebeldia ou negligência, mas de um sinal clínico multifatorial , que pode incluir: Medo intenso de separação; Ansiedade social; Dificuldades de aprendizagem; Bullying ou trauma escolar; Transtornos do neurodesenvolvimento; Desorganização familiar ou mudanças bruscas na rotina. Quando suspeitar de recusa escolar com base clínica? Queixas somáticas frequentes antes do horário escolar (dor de cabeça, enjoo, dores no corpo); Choro ou crises de pânico diante da ideia de ir à escola; Faltas frequentes ou evasão silenciosa; Alta seletividade em contextos sociais; Ausência de interesse por atividades escolares, apesar de gostar de aprender; Melhora rápida dos sintomas em casa ou aos finais de semana. 👉 Veja também: Avaliação neuropsicológica na ansiedade infantil A importância da avaliação neuropsicológica A avaliação neuropsicológica é essencial em casos de recusa escolar por diversos motivos: Identifica o perfil cognitivo e emocional do indivíduo; Diferencia causas primárias (ansiedade, depressão, TDAH, TEA) de causas secundárias (conflitos escolares, bullying, ambiente disfuncional); Permite compreender os impactos da ausência escolar no desenvolvimento acadêmico; Subsidia o planejamento terapêutico e pedagógico personalizado; Dá voz à criança ou adolescente por meio de observações indiretas e análise contextual. O que avaliar? Funções cognitivas gerais : Atenção, memória, raciocínio lógico, linguagem; Funções executivas (planejamento, inibição, flexibilidade). Aspectos emocionais e afetivos : Sintomas ansiosos, humor deprimido, autoestima; Regulação emocional e tolerância à frustração. Habilidades sociais e adaptativas : Participação em grupos, interação com pares e adultos; Grau de independência nas atividades diárias. Motivação escolar e autorregulação : Relação da criança com tarefas, rotina e responsabilidades; Percepção de autoeficácia. Instrumentos recomendados Cognitivos: WISC-V ou Leiter-3 (quando há barreiras verbais); Torre de Londres, TMT A/B, Stroop Test ; RAVEN – Matrizes Progressivas (complemento não verbal). Comportamentais e emocionais: CBCL (Child Behavior Checklist) ; Inventário de Ansiedade Infantil (MASC) ; Inventário de Depressão Infantil (CDI) ; Escala de Autorregulação Escolar . Sociofamiliares: Entrevistas com pais, professores e equipe pedagógica ; Vineland Adaptive Behavior Scales (para crianças com suspeita de TEA ou DI); Questionários sobre clima escolar e relacionamento com pares . 👉 Leia também: Como medir funções executivas na prática clínica Estudo de caso (fictício) 👧 Mariana, 10 anos Queixa: recusa para ir à escola há 3 meses; episódios de choro e dores de barriga diárias. Avaliação: WISC-V, CBCL, entrevistas com escola e pais. Achados: Inteligência dentro da média; Elevados índices de ansiedade de separação e evitação social; Traços de perfeccionismo e autocrítica intensa. Hipótese clínica : recusa escolar por quadro ansioso internalizante, com componentes de ansiedade social e medo de desempenho. Encaminhamentos : psicoterapia cognitivo-comportamental, plano de retorno escolar gradual, acolhimento familiar e escolar com estratégias colaborativas. Comorbidades comuns à recusa escolar Transtorno de Ansiedade de Separação Ansiedade Social Fobia escolar Depressão infantil Transtorno de Aprendizagem TDAH Transtornos de comportamento TEA Boas práticas na devolutiva Acolher o sofrimento emocional com escuta ativa; Evitar rótulos como “preguiça”, “drama” ou “frescura”; Validar as emoções da criança e da família; Compartilhar os achados com clareza e empatia; Propor um plano de intervenção escolar colaborativo , com passos pequenos e realistas; Recomendar psicoterapia baseada em evidências , quando necessário. Conclusão A recusa escolar é um fenômeno complexo que exige um olhar clínico, ético e contextualizado. A avaliação neuropsicológica amplia a escuta, organiza o entendimento das causas e aponta caminhos viáveis para reconstruir o vínculo entre o aluno e o ambiente escolar. Mais do que um laudo, a neuropsicologia oferece um mapa de possibilidades — para que cada criança possa voltar a aprender com segurança, pertencimento e autonomia. Quer aprender a avaliar e intervir em casos complexos como recusa escolar, TDAH, TEA e ansiedade? Participe da Formação Permanente do IC&C e domine os instrumentos, critérios clínicos e estratégias práticas para atuar com excelência e sensibilidade.
Por Matheus Santos 21 de abril de 2025
O mutismo seletivo é um transtorno de ansiedade caracterizado pela incapacidade consistente de falar em determinados contextos sociais , apesar da capacidade preservada de comunicação verbal em outras situações. Por exemplo, a criança pode conversar normalmente com familiares em casa, mas permanecer completamente em silêncio na escola ou diante de pessoas menos familiares. Embora raro, o mutismo seletivo é frequentemente mal compreendido ou confundido com timidez extrema, autismo, recusa escolar ou até desinteresse , atrasando intervenções adequadas. A avaliação neuropsicológica, quando bem conduzida, é uma ferramenta poderosa para entender esse quadro , identificar comorbidades e orientar estratégias sensíveis e eficazes. O que é o mutismo seletivo Segundo o DSM-5, os critérios diagnósticos para mutismo seletivo incluem: Incapacidade consistente de falar em situações sociais específicas nas quais há expectativa de fala (por exemplo, na escola), apesar de falar em outras situações; Interferência com o desempenho educacional ou ocupacional ou com a comunicação social; Duração de pelo menos um mês (não limitado ao primeiro mês de escola); A falha em falar não se deve à falta de conhecimento ou conforto com a linguagem exigida na situação; A dificuldade não é melhor explicada por um transtorno da comunicação (por exemplo, transtorno de fluência) ou por outros transtornos do neurodesenvolvimento, esquizofrenia ou transtorno psicótico. Quando suspeitar de mutismo seletivo? A criança fala normalmente com familiares , mas não fala em sala de aula ou com colegas; Evita interações sociais que exijam fala (como apresentações, leitura em voz alta, responder chamadas); Permanece em silêncio por meses ou anos em contextos escolares, mesmo com bom desempenho acadêmico; Apresenta respostas ansiosas intensas diante da expectativa de comunicação verbal; Usa estratégias alternativas de comunicação (olhar, gestos, escrita) para evitar falar. 👉 Veja também: Avaliação neuropsicológica em crianças com TDAH  Diferença entre mutismo seletivo, timidez, ansiedade social e TEA
Por Matheus Santos 20 de abril de 2025
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento que impacta a comunicação, a interação social e os padrões de comportamento. Ao contrário do que se acreditava no passado, o autismo não é uma condição única ou homogênea — ele se manifesta de formas muito diversas, exigindo um olhar sensível, técnico e individualizado. A avaliação neuropsicológica no TEA é uma das ferramentas mais potentes para entender o funcionamento global da pessoa autista , identificar comorbidades e orientar estratégias terapêuticas e educacionais baseadas em evidências. Neste artigo, você vai entender: O que caracteriza o TEA segundo os manuais diagnósticos; Como a avaliação neuropsicológica contribui para o diagnóstico e intervenção; Quais funções cognitivas, sociais e adaptativas devem ser avaliadas; Quais testes e estratégias são recomendadas; Como comunicar os resultados de forma ética e acolhedora. O que é o Transtorno do Espectro Autista? De acordo com o DSM-5 , o TEA é caracterizado por: Déficits persistentes na comunicação e na interação social em múltiplos contextos; Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades ; Os sintomas devem estar presentes desde o início do desenvolvimento ; Devem causar prejuízo clínico significativo; E não serem melhor explicados por deficiência intelectual isolada ou atraso global do desenvolvimento. O CID-11 adota uma estrutura similar, mas enfatiza a variabilidade de apresentação clínica , especialmente no que diz respeito ao uso da linguagem e à presença de deficiência intelectual associada. Por que a avaliação neuropsicológica é essencial no TEA? A avaliação neuropsicológica no TEA não é feita para “confirmar” o diagnóstico , mas sim para: Compreender o perfil funcional e cognitivo da pessoa autista ; Identificar pontos fortes e áreas de suporte ; Detectar comorbidades comuns , como TDAH, transtornos de aprendizagem, ansiedade ou depressão; Subsidiar planos terapêuticos, educacionais e intervenções específicas ; Apoiar o processo de adaptação curricular, inclusão escolar e orientações familiares . 👉 Veja também: Como interpretar testes neuropsicológicos de forma contextualizada Quais habilidades devem ser avaliadas? Funções cognitivas gerais : Inteligência verbal e não verbal Memória de trabalho Raciocínio lógico Atenção e funções executivas Habilidades adaptativas : Comunicação funcional Independência nas atividades diárias Participação social Aspectos socioemocionais : Habilidades de reconhecimento e regulação emocional Compreensão de intenções e metáforas Rigidez comportamental e interesses específicos Pragmática da linguagem e interação social : Uso social da linguagem Capacidade de manter conversas Interpretação de gestos, expressões faciais e pistas sociais Testes e instrumentos recomendados Inteligência e raciocínio: WISC-V ou WAIS-IV Leiter-3 (quando há dificuldades de linguagem) RAVEN - Matrizes Progressivas Coloridas Funções executivas e atenção: Torre de Londres Trail Making Test (TMT A/B) Stroop Test Span de dígitos e Corsi Linguagem e pragmática: ABFW - Teste de linguagem infantil Provas de linguagem funcional e narrativa Avaliação de inferência social e metáforas Habilidades adaptativas e sociais: Vineland Adaptive Behavior Scales Escala de Responsividade Social (SRS) CBCL / TRF / BASC-3 👉 Veja também: Avaliação neuropsicológica na deficiência intelectual Estudo de caso (fictício) 👦 Lucas, 7 anos Queixa: dificuldade em interações sociais e comportamento repetitivo. Avaliação: WISC-V, Torre de Londres, SRS, Vineland, entrevistas com pais e escola. Resultados: QI verbal e não verbal dentro da média; Dificuldades marcantes em flexibilidade cognitiva e atenção conjunta; Perfil adaptativo compatível com TEA leve, sem deficiência intelectual. Encaminhamentos : intervenção comportamental, treino de habilidades sociais, apoio escolar com mediação pedagógica e suporte psicológico para a família. Comorbidades frequentes no TEA TDAH : impulsividade, desatenção e hiperatividade; Ansiedade social e fobias específicas ; Transtornos de aprendizagem (especialmente dislexia e discalculia); Transtornos do sono e da alimentação ; Depressão (mais comum na adolescência e vida adulta) . A avaliação neuropsicológica ajuda a diferenciar sintomas que fazem parte do espectro daqueles que representam comorbidades importantes a serem tratadas separadamente. TEA x TDAH x TANV x TDC: principais diferenças
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