Adaptações da ACT para adolescentes: promovendo saúde mental em jovens

Matheus Santos • 1 de março de 2025

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A adolescência é um período de intensas transformações, marcado por mudanças físicas, psicológicas e sociais que podem gerar incertezas e desafios. Nesse contexto, os jovens estão mais suscetíveis ao surgimento de problemas emocionais, como ansiedade, depressão e dificuldades de relacionamento. Para responder a essas demandas, as Terapias de Terceira Onda oferecem estratégias inovadoras que vão além da tradicional modificação de pensamentos, ampliando o foco para a aceitação e a flexibilidade psicológica. Dentro desse grupo de abordagens, a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) se destaca por sua eficácia em trabalhar valores pessoais, aceitação e ação comprometida, adaptando-se de forma bastante eficiente às particularidades desse público.



Neste artigo, você vai conhecer como a ACT pode ser adaptada para adolescentes, entendendo os princípios fundamentais dessa abordagem, suas aplicações práticas e como ela pode contribuir para a saúde mental de jovens em diferentes contextos. Será apresentada, ainda, a relevância de integrar o trabalho terapêutico com processos de Avaliação Neuropsicológica e Avaliação Psicológica, possibilitando uma compreensão abrangente das capacidades e dificuldades do adolescente. Ao longo do texto, você encontrará links para o blog da IC&C, onde abordamos diversos temas relacionados à Neuropsicologia, Psicologia, Terapia de Terceira Onda e bem-estar emocional.


Importante: Este texto é produzido em markdown, para que você possa copiá-lo diretamente para o seu CMS. Além disso, ao final, convidamos você para conhecer nossa Formação Permanente, onde aprofundamos conhecimentos voltados à prática clínica e à promoção de saúde mental.


1. Desafios Específicos da Adolescência


A adolescência, frequentemente compreendida entre os 10 e 19 anos, é uma fase que envolve processos complexos de definição de identidade, amadurecimento emocional, desenvolvimento cognitivo e intensas mudanças hormonais. Entre os desafios mais recorrentes nesse período, destacam-se:


  1. Busca por identidade: O jovem se depara com questões sobre quem é e quem deseja ser.
  2. Pressões sociais e acadêmicas: Cobranças relacionadas ao desempenho escolar, expectativas familiares e integração em grupos de amigos.
  3. Oscilações emocionais: Mudanças de humor e dificuldades em lidar com sentimentos como tristeza, raiva, ciúme e frustração.
  4. Exposição digital: O uso intensivo de redes sociais pode acentuar comparações, inseguranças e situações de cyberbullying.
  5. Vulnerabilidade a transtornos mentais: O período pode desencadear ou agravar quadros de ansiedade, depressão e comportamentos de risco.


A ACT (Terapia de Aceitação e Compromisso) torna-se uma ferramenta promissora para lidar com essas questões, pois fomenta a flexibilização de pensamentos e emoções, o autoconhecimento baseado em valores pessoais e a tomada de decisões alinhada às metas de vida do adolescente.


2. O que é a ACT?


A Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) faz parte das Terapias de Terceira Onda e tem como foco principal desenvolver a flexibilidade psicológica. Em vez de combater diretamente pensamentos negativos ou emoções desagradáveis, a ACT propõe estratégias de aceitação para lidar de maneira mais saudável com o conteúdo interno, alinhando comportamentos aos valores fundamentais da pessoa.


A ACT se sustenta em seis processos essenciais que, interagindo entre si, promovem a flexibilidade psicológica:

  1. Aceitação: Receber sensações e emoções desconfortáveis sem tentar evitá-las, entendendo que faz parte da condição humana experimentar sentimentos complexos.
  2. Desfusão cognitiva: Aprender a se distanciar dos pensamentos, percebendo-os como eventos mentais, e não como verdades absolutas.
  3. Contato com o momento presente: Desenvolver atenção plena (mindfulness) para se conectar com o “agora” e reduzir processos de ruminação ou ansiedade antecipatória.
  4. Eu como contexto (self-como-contexto): Entender que existe um espaço interno que observa pensamentos e sentimentos, mas não se confunde com eles.
  5. Valores: Identificar o que é realmente importante e significativo na vida do adolescente, funcionando como um “norte” para as ações.
  6. Ação comprometida: Colocar em prática comportamentos que estejam em sintonia com esses valores, mesmo diante de desconfortos emocionais.


Para saber mais sobre a filosofia e as bases das Terapias de Terceira Onda, você pode conferir conteúdos adicionais em nosso blog da IC&C.


3. Por que a ACT é Especialmente Indicada para Adolescentes?


O cerne da ACT é a aceitação e a ação comprometida, o que dialoga diretamente com as necessidades e desafios dos adolescentes. Essa abordagem abre espaço para:


  1. Expressão Emocional: Muitos jovens enfrentam dificuldade em nomear e expressar emoções. A ACT incentiva a validação emocional, ajudando-os a explorar e acolher sentimentos complexos.
  2. Construção de Identidade: Ao trabalhar valores pessoais, a ACT apoia o adolescente a refletir sobre o que faz sentido para sua vida, facilitando a formação de uma identidade autêntica.
  3. Autonomia e Protagonismo: Em vez de “corrigir” pensamentos, o foco é desenvolver uma postura ativa frente a eles, oferecendo ferramentas para o adolescente lidar melhor com situações de estresse.
  4. Prevenção de Riscos: Ao aumentar a flexibilidade psicológica, diminui-se a probabilidade de comportamentos impulsivos ou de risco, como automutilação, uso de substâncias ou comportamentos alimentares disfuncionais.


4. Adaptações da ACT para o Contexto Adolescente


Apesar de a base teórica da ACT ser universal, alguns ajustes práticos são recomendados para torná-la mais acessível e envolvente para o público adolescente. A seguir, destacamos algumas adaptações importantes:


4.1 Linguagem e Metáforas


A utilização de linguagem simples e exemplos próximos da realidade do adolescente (como séries de TV, música, redes sociais, esportes e relacionamentos escolares) é fundamental para garantir o engajamento. Metáforas e analogias lúdicas podem ajudar a ilustrar os conceitos de aceitação, desfusão cognitiva e ação comprometida.


  • Exemplo de metáfora: Usar a ideia de “as nuvens no céu” para representar pensamentos; elas passam, mudam de forma, mas o céu (o “eu observador”) permanece intacto.


4.2 Ferramentas Tecnológicas


Os adolescentes têm forte afinidade com tecnologias, e isso pode ser incorporado ao processo terapêutico. Aplicativos de meditação guiada, lembretes diários de valores e fichas de autorregistro em formato digital são exemplos de como unir a tecnologia à prática clínica.


  • Atividades online: Pedir ao jovem para gravar áudios curtos sobre o que está sentindo ou refletir sobre valores em um diário virtual, aproveitando ferramentas já existentes no smartphone.


4.3 Exercícios de Mindfulness Adaptados


Trabalhar mindfulness com adolescentes requer criatividade para mantê-los interessados. Exercícios de curta duração, práticas de movimento (como yoga ou caminhada consciente) e uso de músicas podem ajudar a desenvolver contato com o momento presente.


  • Exemplo prático: Propor um exercício de “atenção plena” durante a escuta de uma música favorita, solicitando que o jovem se concentre nos diferentes instrumentos, na melodia e nas sensações corporais.


4.4 Engajamento Familiar e Escolar


A adolescência não acontece em um vácuo; frequentemente, a dinâmica familiar e o contexto escolar influenciam as emoções do jovem. Encorajar a participação da família em partes do processo terapêutico ou propor atividades de psicoeducação na escola podem ser maneiras de potencializar os resultados da ACT.


  • Exemplo de prática familiar: Convidar os pais a aprenderem sobre desfusão cognitiva e valores para que possam apoiar o adolescente quando surgirem crises de ansiedade ou conflitos relacionais.


5. Passo a Passo de uma Sessão de ACT com Adolescentes


Para ilustrar melhor como a ACT pode ser aplicada na prática clínica, vejamos um exemplo geral de como estruturar uma sessão terapêutica com um adolescente:


  • Check-in inicial
  • Perguntar como foi a semana, identificar acontecimentos marcantes e conferir o estado emocional do jovem.
  • Duração: cerca de 5 a 10 minutos.
  • Revisão de tarefas e práticas
  • Verificar se o adolescente conseguiu praticar algum exercício de mindfulness ou autorreflexão sobre valores.
  • Abordar eventuais dificuldades encontradas.
  • Introdução de novo conteúdo ou metáfora
  • Apresentar um conceito central da ACT (por exemplo, “desfusão cognitiva”) e ilustrar com uma metáfora ou vídeo curto.
  • Encorajar a discussão sobre o que aquele conceito representa na vida real do adolescente.
  • Exercício experiencial
  • Conduzir uma vivência de mindfulness adaptada, que pode durar de 5 a 10 minutos, ou realizar um exercício de reconhecimento e aceitação de emoções.
  • Perguntar ao adolescente como se sentiu durante o exercício.
  • Discussão dos valores
  • Investigar que metas e ações o jovem poderia realizar durante a semana para se aproximar dos próprios valores.
  • Identificar possíveis barreiras (pensamentos, sentimentos, situações externas).
  • Fechamento e Plano de Ação
  • Definir juntos uma ou duas tarefas para praticar até a próxima sessão (p. ex., escrever no diário sobre como lidou com um pensamento desconfortável).
  • Fazer um breve resumo do que foi aprendido.


6. A Relação com a Neuropsicologia e a Avaliação Neuropsicológica


Muitos adolescentes passam por Avaliação Psicológica ou Avaliação Neuropsicológica quando apresentam dificuldades acadêmicas, problemas de atenção ou suspeitas de transtornos que possam envolver alterações cognitivas (como TDAH, por exemplo). Nesses casos, integrar as informações obtidas na avaliação com as práticas da ACT pode ser crucial para um tratamento mais completo e individualizado.


  • Mapeamento de funções cognitivas: Identificar áreas como atenção, memória e funções executivas que estejam prejudicadas ou hiperdesenvolvidas, para adaptar estratégias de manejo emocional.
  • Personalização de exercícios: Com base no perfil cognitivo do adolescente, o terapeuta pode escolher exercícios de mindfulness que não sejam excessivamente longos ou complexos, respeitando a capacidade de foco do jovem.
  • Monitoramento de progresso: A Avaliação Neuropsicológica permite acompanhar a evolução do adolescente, não só no âmbito emocional, mas também no cognitivo, ajustando as intervenções conforme necessário.


Para quem tem interesse em se aprofundar nessa integração, sugerimos conferir artigos específicos sobre Neuropsicologia e Avaliação Neuropsicológica em nosso blog da IC&C. Você encontrará discussões sobre a importância de compreender o funcionamento cerebral para otimizar práticas terapêuticas e obter melhores resultados na redução de sintomas de ansiedade e depressão em adolescentes.


7. Resultados e Benefícios Esperados


A ACT vem sendo cada vez mais pesquisada e aplicada em diversos contextos, mostrando-se eficaz para diminuir sintomas de ansiedade, depressão e comportamentos de risco. No público adolescente, alguns benefícios já observados na prática clínica incluem:


  1. Melhora na regulação emocional: A capacidade de lidar com emoções intensas aumenta, reduzindo reações impulsivas.
  2. Aumento da resiliência: Ao aprender a aceitar e entender os desafios, o adolescente se torna mais apto a enfrentar futuras adversidades.
  3. Fortalecimento de valores e identidade: A clareza sobre os valores pessoais auxilia o jovem a tomar decisões mais coerentes com o que realmente importa para ele.
  4. Redução de comportamentos de esquiva: Ao perceber que pensamentos e sentimentos não precisam ditar o comportamento, os adolescentes se tornam menos propensos a evitarem situações sociais ou escolares por medo de falhar.
  5. Melhoria nos relacionamentos interpessoais: Há uma tendência a desenvolver maior empatia e compaixão por si mesmo e pelos outros, impactando positivamente o convívio familiar e as amizades.


8. Desafios e Limites da Aplicação da ACT em Adolescentes


Assim como qualquer abordagem terapêutica, a ACT também possui desafios e limites a serem considerados no trabalho com adolescentes:


  • Engajamento: Alguns jovens podem ter resistência inicial por não compreenderem o conceito de aceitar pensamentos e emoções desconfortáveis. É preciso paciência na fase de psicoeducação.
  • Contexto socioeconômico: Em casos de famílias em situação de vulnerabilidade, a busca por ajuda especializada pode ser dificultada. Estratégias comunitárias e parcerias com escolas podem ampliar o alcance.
  • Cooperação familiar: Se a família não estiver disposta a participar minimamente, pode haver menos suporte para a prática dos exercícios no dia a dia.
  • Transtornos severos: Em quadros mais graves, como transtornos psicóticos ou depressão severa com risco de suicídio, a ACT deve ser complementada com outras abordagens médicas ou terapêuticas, sempre seguindo as diretrizes de segurança e manejo de crise.



9. Como Iniciar a Implementação da ACT na Prática Clínica com Adolescentes


Se você é profissional da área da Psicologia, Neuropsicologia ou um estudante interessado em aplicar a ACT no contexto infantojuvenil, seguem algumas orientações básicas:


  • Formação Específica
  • Busque cursos de capacitação que ofereçam tanto conteúdo teórico quanto práticas supervisionadas de ACT.
  • Procure workshops ou treinamentos voltados para a população adolescente, pois as estratégias de comunicação são diferentes das utilizadas com adultos.
  • Atualização Contínua
  • Acesse artigos, livros e pesquisas sobre adaptação de mindfulness e terapias de aceitação para o público mais jovem.
  • Nosso blog da IC&C traz frequentemente conteúdos voltados para a prática clínica, envolvendo Avaliação Psicológica, Avaliação Neuropsicológica e Terapias de Terceira Onda.
  • Desenvolva Material Lúdico
  • Cartilhas, histórias em quadrinhos, vídeos curtos e aplicativos específicos podem tornar as sessões mais dinâmicas e atrativas para o adolescente.
  • Estabeleça Parcerias
  • Articule-se com escolas, ONGs e centros comunitários para oferecer palestras ou miniworkshops que expliquem a importância da saúde mental e apresentem técnicas básicas da ACT.
  • Um bom relacionamento com a rede de apoio do adolescente (professores, coordenadores, lideranças comunitárias) favorece a continuidade das práticas fora do consultório.
  • Monitore Resultados
  • Utilize escalas de ansiedade, depressão ou qualidade de vida para mensurar o impacto da ACT ao longo do tempo.
  • Reavalie periodicamente o alinhamento das práticas com os valores e objetivos do adolescente, ajustando a terapia se necessário.


10. Conclusão: Fortalecendo a Juventude por Meio da ACEITAÇÃO e do COMPROMISSO


A adolescência pode ser turbulenta, mas também representa uma oportunidade única de desenvolvimento pessoal e consolidação de recursos emocionais que acompanharão o indivíduo por toda a vida. A Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) surge como uma aliada valiosa nesse processo, ao enfatizar que o sofrimento não precisa ser eliminado para que se viva com significado. Em vez de lutar contra pensamentos e emoções, o adolescente aprende a acolhê-los e a canalizar energia para o que realmente faz sentido em sua trajetória.


Para promover uma transformação sólida na vida dos jovens, é essencial que profissionais de saúde mental estejam munidos de conhecimentos atualizados e estratégias práticas de intervenção. A ACT, ao dialogar com a Neuropsicologia e a Avaliação Neuropsicológica, pode oferecer um suporte diferenciado, reconhecendo tanto as dimensões emocionais quanto as cognitivas que influenciam o comportamento do adolescente.


Quer Aprofundar seus Conhecimentos?


Se você é psicólogo, neuropsicólogo ou estudante interessado em adquirir habilidades avançadas em Terapia de Terceira Onda, Psicologia, Avaliação Psicológica ou Avaliação Neuropsicológica, convidamos você a estudar conosco em nossa Formação Permanente na IC&C (Intervenções Cognitivas e Comportamentais).


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Para continuar acompanhando discussões sobre Neuropsicologia, Psicologia, Avaliação Neuropsicológica e Terapias de Terceira Onda, visite regularmente nosso blog da IC&C. Estamos constantemente publicando conteúdos relevantes e práticos para apoiar a sua atuação profissional!


Invista na sua formação e na saúde mental de quem mais precisa. A adolescência é um período de oportunidades, e com a abordagem certa, podemos transformar essa fase em um alicerce sólido para uma vida adulta saudável e plena.


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Por Matheus Santos 1 de agosto de 2025
Se você já estudou ou ouviu falar sobre a Terapia de Aceitação e Compromisso, provavelmente já se deparou com esta dúvida: Afinal, fala-se "á-ce-tê" ou “équiti”? A resposta, como muitas coisas na Psicologia baseada em evidências, é: depende . Neste texto, vamos explorar de onde vem essa confusão, o que dizem os próprios fundadores da ACT, como essa abordagem é chamada no Brasil e, mais importante, por que o conteúdo da terapia é muito mais relevante do que a forma como a sigla é pronunciada.  O que é ACT? ACT é a sigla para Acceptance and Commitment Therapy, uma abordagem da chamada terceira onda da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC). Seu objetivo é promover flexibilidade psicológica por meio de processos como: Aceitação experiencial; Desfusão cognitiva; Contato com o momento presente; Clareza de valores; Ação comprometida; E um senso de si como contexto. A ACT propõe que o sofrimento psicológico é intensificado quando tentamos controlar ou evitar experiências internas, como pensamentos, emoções e memórias. Em vez disso, convida o paciente a se abrir à experiência, conectando-se com seus valores mais profundos. Saiba mais: Terapias Contextuais: uma evolução na abordagem da TCC ACT ou “équiti”? De onde vem essa confusão? A sigla ACT vem do inglês, e nos países de língua inglesa costuma ser pronunciada como uma palavra: “act” (como o verbo “agir”), soando algo como “équiti”. No entanto, no Brasil — como acontece com outras siglas — muitas pessoas optam por soletrar: á-ce-tê , seguindo a lógica da pronúncia literal das letras. Essa diferença de pronúncia pode causar estranhamento, especialmente em contextos acadêmicos, congressos ou supervisões clínicas. Mas a verdade é que ambas as formas são utilizadas no Brasil e, o mais importante: não há certo ou errado . O que dizem os fundadores da ACT? Steven C. Hayes, um dos criadores da abordagem, já afirmou publicamente que não se importa com a pronúncia da sigla. Em suas palavras: “Chame do jeito que quiser. O que importa é a ciência por trás da abordagem, não como você fala o nome.” Ou seja: se até o próprio criador da ACT é flexível sobre a pronúncia, talvez nós também devêssemos ser. Por que isso importa menos do que parece A Psicologia baseada em evidências tem como um de seus pilares a clareza conceitual e a comunicação acessível . Mas isso não significa rigidez linguística. A preocupação maior deve ser com: A compreensão dos processos fundamentais da ACT ; A formulação de caso com base em flexibilidade psicológica ; O uso ético e fundamentado da abordagem; E a constante formação e supervisão para uma atuação de qualidade. Seja você do time “á-ce-tê” ou “équiti”, o essencial é colocar os princípios da ACT em prática , com sensibilidade, técnica e respeito à diversidade dos pacientes. Leia também: TCC Transdiagnóstica: uma abordagem integrativa para múltiplos transtornos ACT no Brasil: uma abordagem em expansão A ACT vem ganhando cada vez mais espaço na formação de psicólogos e psiquiatras brasileiros. É usada no tratamento de transtornos como: Ansiedade generalizada; Depressão maior; TOC; Transtorno de personalidade borderline; Dor crônica; E diversos outros contextos clínicos e hospitalares. A abordagem também tem sido estudada e aplicada em contextos educacionais, organizacionais e sociais , mostrando sua versatilidade. Conclusão: fale como quiser, mas conheça profundamente A questão da pronúncia de ACT é legítima, mas secundária diante da importância clínica e científica da abordagem . Seja qual for sua escolha fonética, o importante é continuar estudando, se atualizando e aplicando a ACT com base nos princípios que a tornaram uma das terapias mais promissoras do século XXI. Quer aprofundar seus conhecimentos em ACT, TCC e outras abordagens baseadas em evidências? Participe da nossa Formação Permanente e faça parte de uma comunidade que valoriza ciência, prática clínica e transformação social.
Por Matheus Santos 25 de julho de 2025
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Por Matheus Santos 25 de julho de 2025
A entrevista inicial é uma das etapas mais decisivas no processo psicoterapêutico. Ela não apenas estabelece o vínculo terapêutico, mas também começa a revelar as estruturas cognitivas profundas que sustentam o sofrimento do paciente. Na Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), essas estruturas são chamadas de crenças centrais – ideias rígidas e globais sobre o self, o mundo e os outros. Mas será que é possível começar a identificá-las logo no primeiro encontro? A resposta é sim – desde que o terapeuta esteja atento aos padrões de linguagem, temas recorrentes e pistas emocionais que emergem na narrativa do paciente. Neste artigo, você vai aprender: O que são crenças centrais e por que elas importam desde o início; Como observá-las já na entrevista inicial; Técnicas e perguntas estratégicas; Exemplos clínicos; Como integrar essas informações na formulação de caso. O que são crenças centrais? Crenças centrais são convicções globais, absolutas e duradouras que a pessoa desenvolve ao longo da vida. São internalizadas especialmente na infância e adolescência, geralmente a partir de experiências emocionais significativas. Estas crenças moldam a maneira como a pessoa interpreta o mundo e reagem às situações do cotidiano. Exemplos: “Sou inferior aos outros.” “As pessoas sempre me abandonam.” “O mundo é um lugar perigoso.” Essas crenças nem sempre são verbalizadas diretamente, mas orientam os pensamentos automáticos e comportamentos disfuncionais que o paciente manifesta no presente. Por que identificar crenças centrais já no início? Embora a reestruturação dessas crenças ocorra em fases mais avançadas da terapia, identificar traços ou pistas logo na primeira sessão pode oferecer grandes benefícios: Antecipar hipóteses de formulação de caso ; Criar aliança terapêutica mais empática , demonstrando compreensão das dores centrais; Ajudar o paciente a dar sentido ao próprio sofrimento desde os primeiros encontros; Direcionar intervenções iniciais mais eficazes , mesmo que não sejam ainda focadas na reestruturação de crenças. Como observar crenças centrais na entrevista inicial? Durante a entrevista, as crenças centrais costumam aparecer de forma implícita , escondidas atrás da queixa principal ou da forma como o paciente conta sua história. Aqui estão alguns sinais importantes para ficar atento: 1. Padrões de linguagem Preste atenção em frases absolutas ou dicotômicas: “Eu sempre estrago tudo.” “Nunca consigo ser bom o suficiente.” “Não posso confiar em ninguém.” Essas expressões sinalizam generalizações cognitivas típicas de crenças centrais. 2. Narrativas repetitivas Quando o paciente retorna várias vezes ao mesmo tipo de evento ou emoção (ex: rejeição, humilhação, abandono), há grandes chances de estar verbalizando conteúdo ligado a uma crença mais profunda. 3. Reações emocionais intensas Se, ao relatar um episódio, o paciente manifesta emoções desproporcionais (choro súbito, raiva intensa, medo paralisante), aquilo pode estar tocando em uma ferida mais antiga – uma crença estruturante. 4. Estilo de apego e história de desenvolvimento Perguntas sobre infância, relacionamentos com cuidadores e figuras importantes costumam revelar temas centrais como valor pessoal, dignidade, amor e segurança. 🧠 Leia também: Formulação de caso na TCC: da hipótese à intervenção estruturada Perguntas estratégicas para acessar crenças centrais Algumas perguntas podem ajudar a revelar, de forma indireta, o conteúdo das crenças centrais logo no início: “Quando isso acontece, o que você acredita sobre você mesmo?” “Que tipo de pessoa você sente que é diante disso?” “O que você teme que esse episódio diga sobre você?” “Que conclusão tirou sobre si mesmo(a) depois desse acontecimento?” “Se fosse uma criança passando por isso, o que ela poderia acreditar sobre si?” Essas perguntas ajudam o paciente a sair da descrição factual do evento e entrar em níveis mais profundos de processamento . Técnica da flecha descendente (early use) Embora usada geralmente em sessões posteriores, a técnica da flecha descendente pode ser aplicada suavemente já na entrevista inicial, com o objetivo de testar hipóteses: Exemplo: Paciente: “Fui demitido, de novo. Acho que nunca vou ser bom o suficiente.” Terapeuta: “E se você nunca for bom o suficiente… o que isso diria sobre você?” Paciente: “Que eu sou um fracasso.” ➡️ A crença central está emergindo: “Sou um fracasso.” Como anotar e usar essas informações Você pode registrar essas pistas como hipóteses iniciais da formulação de caso, com a consciência de que elas serão testadas e aprofundadas ao longo do processo terapêutico. Modelo de anotação prática: - Queixa principal: medo de rejeição profissional - Pensamento automático: “Não vão querer me manter no trabalho.” - Padrões observados: histórico de demissões, evitação de avaliação, hipervigilância - Hipótese de crença central: “Sou incompetente.” - Evidência: linguagem autorreferente depreciativa + experiências passadas Conclusão A identificação precoce das crenças centrais é uma habilidade poderosa para qualquer terapeuta cognitivo-comportamental. Ainda que a reestruturação aconteça mais adiante, reconhecer padrões profundos desde o início da terapia aumenta a eficácia da formulação, fortalece a aliança terapêutica e direciona o plano de tratamento com mais precisão . É como começar a montar um quebra-cabeça sabendo qual imagem final se espera – mesmo que ainda faltem várias peças. 🚀 Quer dominar a identificação e reestruturação de crenças centrais de forma técnica e humanizada?  Participe da nossa Formação Permanente em Psicoterapia Cognitivo-Comportamental e aprofunde sua prática com uma base sólida em ciência, clínica e ética.
Por Matheus Santos 24 de julho de 2025
Na prática clínica com Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), dois conceitos centrais permeiam o raciocínio clínico: crenças centrais e pensamentos automáticos . Embora relacionados, eles operam em níveis diferentes da cognição e exigem estratégias distintas de identificação e intervenção. Neste artigo, vamos esclarecer: O que são crenças centrais e pensamentos automáticos; Como identificar cada um na prática clínica; Diferenças conceituais e funcionais; Técnicas para trabalhar com cada um; Exemplos práticos e formulários úteis; Linkagens com formulação de caso, TCC transdiagnóstica e terceira onda.  O que são pensamentos automáticos? Os pensamentos automáticos são cognições que surgem espontaneamente em resposta a situações do cotidiano. São geralmente breves, rápidos, e podem não ser totalmente conscientes, mas afetam diretamente as emoções e comportamentos. Exemplos: “Vou fracassar nessa entrevista.” “Ela não respondeu — devo ter feito algo errado.” “Não vou conseguir lidar com isso.” Eles são mais fáceis de acessar no início da terapia e servem como ponto de entrada para o trabalho com crenças mais profundas. O que são crenças centrais? As crenças centrais são estruturas cognitivas profundas e duradouras , formadas ao longo da vida, especialmente na infância. São absolutas, globais e muitas vezes inconscientes, funcionando como lentes através das quais a pessoa interpreta o mundo . Exemplos: “Sou um fracasso.” “O mundo é perigoso.” “As pessoas vão me abandonar.” Essas crenças organizam uma série de pensamentos automáticos e são mantidas por esquemas cognitivos disfuncionais.
Por Matheus Santos 21 de julho de 2025
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Por Matheus Santos 21 de julho de 2025
“Não importa o que eu faça, nada vai mudar.” Essa frase resume bem a crença central de desamparo, uma das mais comuns em pacientes que buscam a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC). Essa crença está na base de quadros como depressão, ansiedade generalizada, fobia social e até transtornos de personalidade. Ela carrega a sensação de impotência diante da vida, como se os eventos fossem incontroláveis ou o indivíduo fosse incapaz de lidar com eles. O que são crenças centrais? As crenças centrais são esquemas cognitivos profundos, rígidos e duradouros. São como "lentes" por meio das quais interpretamos o mundo. Na TCC, identificar e trabalhar essas crenças é fundamental para a reestruturação cognitiva e para a mudança de padrões emocionais e comportamentais. Como se forma a crença de desamparo? Geralmente, essa crença se desenvolve a partir de experiências precoces marcadas por: Falta de apoio emocional consistente; Superproteção que invalida a capacidade da criança; Falhas em experiências de tentativa e erro (por exemplo, fracassos repetidos sem validação ou orientação); Ambientes instáveis ou caóticos, onde tudo parecia imprevisível. Essas vivências contribuem para que a pessoa internalize mensagens como: “Sou fraco.” “Não consigo lidar com a vida.” “Outros conseguem, mas eu não.” Impactos na vida adulta  Adultos com crença de desamparo tendem a: Evitar desafios, por medo do fracasso; Desenvolver baixa autoestima; Sentir-se paralisados diante de decisões importantes; Ser mais suscetíveis à depressão; Ter maior dificuldade em sair de situações abusivas ou insatisfatórias (relacionamentos, empregos, etc.). Como a TCC trabalha essa crença? Psicoeducação: Ensinar o paciente sobre como crenças moldam seus pensamentos e comportamentos. Registro de pensamentos disfuncionais: Identificar situações que ativam o desamparo. Testes de realidade: Incentivar o paciente a agir apesar da crença (exposição gradual). Experiências corretivas: Criar oportunidades para que o paciente vivencie situações em que tenha sucesso e sinta controle. Resgate de evidências contrárias: Buscar no passado momentos em que ele foi eficaz ou superou dificuldades. Construção de crenças alternativas: Como “Posso aprender a lidar com isso” ou “Sou capaz de me desenvolver.” Crenças nucleares e desamparo aprendido Vale destacar a proximidade entre essa crença e o conceito de “desamparo aprendido” de Martin Seligman. Quando uma pessoa experimenta repetidamente a sensação de que nada que ela faz muda sua realidade, ela pode parar de tentar — mesmo quando, objetivamente, a mudança é possível. A TCC ajuda o paciente a retomar a agência sobre sua vida.
Por Matheus Santos 21 de julho de 2025
Na estrutura da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), poucas construções são tão centrais quanto as crenças nucleares — ideias profundamente arraigadas que o indivíduo tem sobre si, o mundo e os outros. Dentre essas crenças, as de desvalor pessoal são, talvez, as mais comuns e devastadoras na clínica. Elas formam o pano de fundo para uma série de sintomas de transtornos como depressão, transtorno de ansiedade social, transtornos alimentares e diversos quadros de sofrimento emocional. O que são crenças de desvalor? Crenças de desvalor pessoal são ideias centrais negativas que a pessoa tem sobre si mesma. Elas não são simples pensamentos automáticos que surgem ocasionalmente — são verdades absolutas internalizadas, como: “Sou um fracasso.” “Sou inadequado.” “Não tenho valor.” “Nunca serei bom o suficiente.” Elas costumam ser formadas na infância e adolescência, a partir de experiências de rejeição, crítica constante, abandono emocional, bullying, negligência ou comparações desvalorizadoras com irmãos, colegas ou modelos sociais. Como essas crenças se formam? A criança, em um esforço de sobrevivência emocional, tenta entender o porquê de suas experiências dolorosas. Ao invés de pensar que o cuidador está errado, ela conclui: “Se minha mãe não me dá atenção, deve ser porque sou indigno de amor.” Assim, a experiência negativa é interpretada como evidência de que há algo de errado com ela. Com o tempo, essas ideias se tornam o filtro através do qual a pessoa interpreta todas as suas experiências. Um elogio é minimizado (“ele só disse isso por educação”), um erro é supervalorizado (“sou um idiota”), e os sucessos são descartados (“qualquer um teria conseguido”). Como se manifestam na clínica? Pacientes com crenças de desvalor tendem a: Ter baixa autoestima crônica; Ser altamente autocríticos , mesmo diante de pequenas falhas; Sentir-se constantemente inseguros ou inadequados ; Desenvolver padrões de perfeccionismo como tentativa de compensar a crença (“só serei aceito se for perfeito”); Apresentar sintomas depressivos, como desânimo, anedonia e desesperança. Nos quadros de depressão, por exemplo, o paciente pode expressar frases como: “Não importa o que eu faça, nunca vou ser suficiente.” Essa verbalização é reflexo direto da crença de desvalor. É a raiz de interpretações distorcidas e estratégias comportamentais disfuncionais, como isolamento, procrastinação ou autossabotagem. Técnicas para identificar crenças de desvalor Durante o processo terapêutico, o terapeuta cognitivo-comportamental utiliza diversas estratégias para identificar essas crenças, como: Flecha descendente (downward arrow) : técnica de questionamento socrático para acessar camadas mais profundas do pensamento automático. Exemplo: Paciente: “Acho que vão rir de mim se eu apresentar no trabalho.” Terapeuta: “E se isso acontecer, o que significaria para você?” Paciente: “Que eu sou ridículo.” Terapeuta: “E se for ridículo, o que isso diz sobre você?” Paciente: “Que eu sou um fracasso.” Análise de padrões recorrentes : observar as situações nas quais a pessoa se sente inferiorizada ou se autodeprecia. Registro de pensamentos disfuncionais : ajuda o paciente a tomar consciência das interpretações automáticas e de como elas reforçam a crença negativa. Intervenções terapêuticas Uma vez identificada a crença de desvalor, a TCC propõe um processo sistemático de reestruturação cognitiva , que envolve: Psicoeducação sobre o modelo cognitivo e a função das crenças centrais; Testes comportamentais para gerar experiências corretivas que contradizem a crença; Reformulação de significados com base na história de vida (por exemplo, entendendo que o abandono de um pai não diz nada sobre o valor pessoal do paciente); Substituição gradual por crenças alternativas mais realistas e funcionais , como “Eu tenho valor independentemente dos meus erros”. Importante: esse processo é lento e emocionalmente denso . As crenças centrais não mudam com uma simples argumentação racional — elas requerem repetição, evidências concretas, acolhimento da dor e, muitas vezes, a reconexão com aspectos da história de vida que ficaram sem elaboração emocional. Relações com outras áreas da psicoterapia Embora esse conceito tenha origem na TCC tradicional, ele dialoga profundamente com:  Os esquemas disfuncionais precoces , da Terapia do Esquema (Young, 2003); A noção de autoimagem negativa , abordada em terapias de terceira onda, como a ACT; A relação de apego e validação emocional , muito estudada em abordagens integrativas. Caminhos para aprofundamento Se você é psicólogo, estudante ou profissional da saúde mental e deseja aprofundar sua atuação clínica com base nas evidências científicas mais recentes, conheça os cursos do IC&C sobre TCC, Terapia do Esquema e outros temas ligados à psicoterapia baseada em evidências.
Por Matheus Santos 7 de julho de 2025
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Por Matheus Santos 7 de julho de 2025
A fusão cognitiva é um dos processos centrais da Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) e representa um dos principais alvos clínicos dentro das Terapias Contextuais. Ao entendermos como os indivíduos se relacionam com seus pensamentos, abrimos espaço para compreensões mais sofisticadas sobre o sofrimento humano e intervenções eficazes. Neste artigo, vamos abordar: O que é fusão cognitiva e como ela se desenvolve; Como a fusão contribui para a psicopatologia; Diferenças entre fusão e distorção cognitiva (TCC); Intervenções clínicas baseadas em desfusão; Linkagens com Terapia Baseada em Processos, TCC e Flexibilidade Psicológica; Referências empíricas e chamada para a Formação Permanente do IC&C. Veja também: Terapia Baseada em Processos: um novo paradigma na psicoterapia O que é Fusão Cognitiva? Na ACT, fusão cognitiva é a tendência a se envolver completamente com o conteúdo dos pensamentos, tomando-os como verdades literais, regras fixas ou comandos automáticos. Quando fundido, o indivíduo não enxerga os pensamentos como eventos mentais transitórios, mas como descrições precisas da realidade. Exemplos: Pensamento: "Sou um fracasso" → Fusão: "Logo, não devo nem tentar." Pensamento: "Ela me ignorou" → Fusão: "Ela me odeia." Fusão cognitiva e psicopatologia A fusão está ligada a diversos transtornos: Depressão: Fusão com autocríticas ("Sou insuficiente"); Ansiedade: Fusão com ameaças antecipatórias ("Vai dar tudo errado"); TOC: Fusão com pensamentos intrusivos ("Pensar isso significa que sou mau"); Transtornos alimentares: Fusão com crenças sobre corpo e valor pessoal. A fusão amplifica o impacto dos pensamentos e reduz a capacidade de agir de forma coerente com valores pessoais. Esse aprisionamento à linguagem interfere diretamente na flexibilidade psicológica. Leia também: Terapias Contextuais: uma evolução na abordagem da TCC Fusão x Distorção Cognitiva: qual a diferença? A TCC clássica trabalha com reestruturação cognitiva, ou seja, modificação de distorções cognitivas (erros de pensamento). Já a ACT não busca modificar o conteúdo, mas sim a relação com o pensamento.
Por Matheus Santos 7 de julho de 2025
A Terapia Cognitivo-Comportamental Transdiagnóstica surge como uma evolução natural da prática clínica contemporânea. Com a alta prevalência de comorbidades psiquiátricas, a necessidade de uma abordagem que transcenda categorizações diagnósticas torna-se urgente. A TCC transdiagnóstica propõe modelos baseados em processos psicopatológicos comuns a diversos transtornos, oferecendo eficiência e integração ao cuidado psicológico. Neste artigo, abordaremos: O que é a abordagem transdiagnóstica e como surgiu; Diferenças entre TCC específica e transdiagnóstica; Os principais modelos e evidências científicas; Vantagens e aplicações clínicas; Linkagens com temas como formulação de caso, terapia baseada em processos e raciocínio clínico. ma na psicoterapia O que é a TCC Transdiagnóstica? A abordagem transdiagnóstica busca identificar e tratar processos psicológicos subjacentes que se manifestam em diferentes transtornos mentais. Em vez de protocolos separados para depressão, ansiedade, TEPT ou TOC, por exemplo, ela foca em fatores comuns como: Evitação experiencial; Dificuldades de regulação emocional; Padrões de pensamento rígido ou dicotômico; Comportamentos de segurança. A proposta central é tratar os mecanismos centrais da psicopatologia , o que permite maior eficiência em casos de comorbidades. Veja também: Formulação de caso na TCC: da hipótese à intervenção estruturada Diferença entre TCC tradicional e TCC transdiagnóstica
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