Como Identificar Crenças Centrais Já na Entrevista Inicial na TCC
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A entrevista inicial é uma das etapas mais decisivas no processo psicoterapêutico. Ela não apenas estabelece o vínculo terapêutico, mas também começa a revelar as estruturas cognitivas profundas que sustentam o sofrimento do paciente. Na Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), essas estruturas são chamadas de crenças centrais – ideias rígidas e globais sobre o self, o mundo e os outros.
Mas será que é possível começar a identificá-las logo no primeiro encontro? A resposta é sim – desde que o terapeuta esteja atento aos padrões de linguagem, temas recorrentes e pistas emocionais que emergem na narrativa do paciente.
Neste artigo, você vai aprender:
- O que são crenças centrais e por que elas importam desde o início;
- Como observá-las já na entrevista inicial;
- Técnicas e perguntas estratégicas;
- Exemplos clínicos;
- Como integrar essas informações na formulação de caso.
O que são crenças centrais?
Crenças centrais são convicções globais, absolutas e duradouras que a pessoa desenvolve ao longo da vida. São internalizadas especialmente na infância e adolescência, geralmente a partir de experiências emocionais significativas. Estas crenças moldam a maneira como a pessoa interpreta o mundo e reagem às situações do cotidiano.
Exemplos:
- “Sou inferior aos outros.”
- “As pessoas sempre me abandonam.”
- “O mundo é um lugar perigoso.”
Essas crenças nem sempre são verbalizadas diretamente, mas orientam os pensamentos automáticos e comportamentos disfuncionais que o paciente manifesta no presente.
Por que identificar crenças centrais já no início?
Embora a reestruturação dessas crenças ocorra em fases mais avançadas da terapia, identificar traços ou pistas logo na primeira sessão pode oferecer grandes benefícios:
- Antecipar hipóteses de formulação de caso;
- Criar aliança terapêutica mais empática, demonstrando compreensão das dores centrais;
- Ajudar o paciente a dar sentido ao próprio sofrimento desde os primeiros encontros;
- Direcionar intervenções iniciais mais eficazes, mesmo que não sejam ainda focadas na reestruturação de crenças.
Como observar crenças centrais na entrevista inicial?
Durante a entrevista, as crenças centrais costumam aparecer de forma implícita, escondidas atrás da queixa principal ou da forma como o paciente conta sua história. Aqui estão alguns sinais importantes para ficar atento:
1. Padrões de linguagem
Preste atenção em frases absolutas ou dicotômicas:
- “Eu sempre estrago tudo.”
- “Nunca consigo ser bom o suficiente.”
- “Não posso confiar em ninguém.”
Essas expressões sinalizam generalizações cognitivas típicas de crenças centrais.
2. Narrativas repetitivas
Quando o paciente retorna várias vezes ao mesmo tipo de evento ou emoção (ex: rejeição, humilhação, abandono), há grandes chances
de estar verbalizando conteúdo ligado a uma crença mais profunda.
3. Reações emocionais intensas
Se, ao relatar um episódio, o paciente manifesta emoções desproporcionais (choro súbito, raiva intensa, medo paralisante), aquilo pode estar tocando em uma ferida mais antiga – uma crença estruturante.
4. Estilo de apego e história de desenvolvimento
Perguntas sobre infância, relacionamentos com cuidadores e figuras importantes costumam revelar temas centrais como valor pessoal, dignidade, amor e segurança.
🧠 Leia também: Formulação de caso na TCC: da hipótese à intervenção estruturada
Perguntas estratégicas para acessar crenças centrais
Algumas perguntas podem ajudar a revelar, de forma indireta, o conteúdo das crenças centrais logo no início:
- “Quando isso acontece, o que você acredita sobre você mesmo?”
- “Que tipo de pessoa você sente que é diante disso?”
- “O que você teme que esse episódio diga sobre você?”
- “Que conclusão tirou sobre si mesmo(a) depois desse acontecimento?”
- “Se fosse uma criança passando por isso, o que ela poderia acreditar sobre si?”
Essas perguntas ajudam o paciente a sair da descrição factual do evento e entrar em níveis mais profundos de processamento.
Técnica da flecha descendente (early use)
Embora usada geralmente em sessões posteriores, a técnica da flecha descendente pode ser aplicada suavemente já na entrevista inicial, com o objetivo de testar hipóteses:
Exemplo:
- Paciente: “Fui demitido, de novo. Acho que nunca vou ser bom o suficiente.”
- Terapeuta: “E se você nunca for bom o suficiente… o que isso diria sobre você?”
- Paciente: “Que eu sou um fracasso.”
➡️ A crença central está emergindo: “Sou um fracasso.”
Como anotar e usar essas informações
Você pode registrar essas pistas como hipóteses iniciais da formulação de caso, com a consciência de que elas serão testadas e aprofundadas ao longo do processo terapêutico.
Modelo de anotação prática:
- Queixa principal: medo de rejeição profissional
- Pensamento automático: “Não vão querer me manter no trabalho.”
- Padrões observados: histórico de demissões, evitação de avaliação, hipervigilância
- Hipótese de crença central: “Sou incompetente.”
- Evidência: linguagem autorreferente depreciativa + experiências passadas
Conclusão
A identificação precoce das crenças centrais é uma habilidade poderosa para qualquer terapeuta cognitivo-comportamental. Ainda que a reestruturação aconteça mais adiante, reconhecer padrões profundos desde o início da terapia aumenta a eficácia da formulação, fortalece a aliança terapêutica e direciona o plano de tratamento com mais precisão.
É como começar a montar um quebra-cabeça sabendo qual imagem final se espera – mesmo que ainda faltem várias peças.
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