HiTOP (Hierarchical Taxonomy of Psychopathology): o novo modelo para compreender a psicopatologia humanaaplicar na Psicologia Clínica
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A psicopatologia clínica está passando por uma verdadeira revolução silenciosa — uma que busca substituir o olhar categórico, centrado em diagnósticos fixos, por uma perspectiva dimensional, hierárquica e baseada em evidências.
Essa é a proposta do
HiTOP (Hierarchical Taxonomy of Psychopathology): um modelo que reorganiza os transtornos mentais em
espectros e dimensões contínuas, refletindo melhor a complexidade dos sofrimentos psicológicos.
O que é o HiTOP?
O HiTOP é um modelo de classificação da psicopatologia proposto por um consórcio internacional de pesquisadores (Roman Kotov, Robert Krueger, David Watson, entre outros).
Diferente do
DSM-5 e da
CID-11, o HiTOP não define categorias diagnósticas fixas, mas
dimensões que variam em intensidade, representando de modo mais realista a diversidade de experiências e sintomas clínicos.
Em outras palavras, o HiTOP tenta responder a perguntas como:
- Por que um mesmo paciente se encaixa em vários diagnósticos?
- Por que sintomas diferentes aparecem juntos em padrões previsíveis?
- Como medir sofrimento psicológico sem depender de rótulos rígidos?
“HiTOP é um modelo de classificação empiricamente derivado, que busca capturar a estrutura subjacente da psicopatologia, da base sintomática até fatores gerais.”
— Kotov et al., 2017
A lógica hierárquica do modelo HiTOP
O HiTOP organiza os sintomas e transtornos de forma
hierárquica, do mais específico ao mais geral.
Veja abaixo a estrutura:
| Nível | Descrição | Exemplo clínico |
|---|---|---|
| Sinais e sintomas | Fenômenos observáveis isolados. | Humor deprimido, insônia, taquicardia. |
| Componentes / traços | Agrupamentos de sintomas relacionados. | Ansiedade generalizada, impulsividade. |
| Síndromes | Conjuntos de traços e sintomas com padrão reconhecível. | Depressão, fobia social, TOC. |
| Subfatores | Síndromes que compartilham bases comuns. | Internalizing (medo, distresse), externalizing (impulsividade, antagonismo). |
| Espectros | Grandes dimensões de psicopatologia. | Internalizing, Externalizing, Thought Disorder, Detachment, Somatoform. |
| Superspectros / Fator geral (“p-factor”) | Propensão global para sofrimento mental. | Vulnerabilidade transdiagnóstica. |
Os principais espectros da psicopatologia segundo o HiTOP
- Internalizing – envolve ansiedade, depressão, medo, ruminação, preocupação.
- Externalizing – inclui impulsividade, agressividade, abuso de substâncias.
- Thought Disorder – abrange distorções perceptivas e de pensamento (ex.: psicose, dissociação).
- Detachment – retraimento social e emocional, anedonia, distanciamento afetivo.
- Somatoform – sintomas físicos sem explicação médica clara.
- Antagonistic Externalizing – comportamento opositor, narcisismo patológico, traços antissociais.
- Disinhibited Externalizing – impulsividade, busca de sensações, risco elevado.
Vantagens clínicas do HiTOP
Adotar uma abordagem dimensional como a do HiTOP traz vantagens relevantes para a prática clínica contemporânea:
- Maior precisão diagnóstica: reconhece nuances individuais e níveis de gravidade.
- Melhor manejo da comorbidade: em vez de múltiplos diagnósticos, o foco recai em dimensões compartilhadas.
- Raciocínio clínico transdiagnóstico: favorece intervenções que atuam sobre processos psicológicos comuns (ex.: esquiva experiencial, fusão cognitiva, desregulação emocional).
- Monitoramento contínuo: permite acompanhar o progresso do paciente de modo mais sensível.
- Maior integração com ciência e neuropsicologia: aproxima a clínica das evidências empíricas sobre funcionamento mental.
Desafios e limitações atuais
Apesar do avanço teórico, o HiTOP ainda enfrenta desafios práticos:
- Falta de instrumentos clínicos padronizados para uso rotineiro.
- Resistência cultural e institucional à substituição dos sistemas tradicionais.
- Lacunas em populações específicas (crianças, idosos, diferentes contextos culturais).
Ainda assim, o modelo tem crescido rapidamente em pesquisa e formação clínica, sendo visto como um caminho natural de evolução para a psicologia baseada em evidências.
Comparativo: DSM-5 vs. HiTOP
| Aspecto | DSM-5 / CID-11 | HiTOP |
|---|---|---|
| Natureza | Categórica | Dimensional |
| Diagnóstico | Presença/ausência | Nível contínuo |
| Comorbidade | Alta | Reduzida (pela integração de dimensões) |
| Flexibilidade | Baixa | Alta |
| Base científica | Consenso clínico | Análise empírica e estatística |
| Exemplo | “Transtorno Depressivo Maior” | “Nível alto de Internalizing com distresse emocional predominante” |
Como o HiTOP pode transformar a prática clínica
1. Avaliação inicial
Introduzir instrumentos dimensionais (como escalas de espectros) que mapeiem padrões de sofrimento.
2. Formulação de caso
Pensar o paciente em termos de
dimensões dominantes, não de rótulos.
Exemplo: “Paciente alto em Internalizing, com traços de Thought Disorder moderado.”
3. Intervenções transdiagnósticas
Usar técnicas que impactam processos nucleares — regulação emocional, aceitação, autocompaixão, defusão cognitiva, etc.
Essas estratégias se alinham com
Terapias Contextuais e com a proposta de
Terapia Baseada em Processos (PBT).
4. Acompanhamento longitudinal
Mensurar progressos em níveis dimensionais é mais preciso do que apenas constatar “melhora” ou “remissão diagnóstica”.

Conclusão
O HiTOP não é apenas uma nova forma de classificar transtornos — é um
novo paradigma de compreensão da mente humana.
Ele convida psicólogos, psiquiatras e pesquisadores a
pensar o sofrimento de forma mais fluida, empírica e integradora.
Ao substituir as categorias rígidas por espectros contínuos, o HiTOP aproxima a psicologia clínica da realidade e das evidências científicas mais atuais.
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