Aplicações da ACT no tratamento de depressão
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A Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT – Acceptance and Commitment Therapy) se destaca como uma das principais abordagens dentro das chamadas Terapias de Terceira Onda, ao lado de outras propostas como MBCT (Mindfulness-Based Cognitive Therapy) e DBT (Dialectical Behavior Therapy). Em contraste com as formas tradicionais de psicoterapia voltadas para a modificação de conteúdo de pensamentos, a ACT foca mais na relação que o paciente estabelece com seus estados internos, convidando à aceitação das experiências e ao comprometimento com ações alinhadas a valores pessoais.
No tratamento de depressão, essa ênfase se mostra especialmente eficaz, pois envolve estratégias que ajudam o indivíduo a lidar com pensamentos negativos, sentimentos de desesperança e a inércia comportamental característica do quadro depressivo. Em vez de lutar incessantemente contra a tristeza ou tentar “consertar” todos os pensamentos, a ACT propõe que a pessoa desenvolva flexibilidade psicológica, isto é, a capacidade de manter contato com o momento presente de maneira aberta e focada naquilo que é mais significativo.
Este texto explora as aplicações práticas da ACT para o manejo da depressão, desde os princípios fundamentais até exemplos de exercícios e estudos de caso ilustrativos. Se você deseja aprofundar ainda mais seus conhecimentos em Terapias de Terceira Onda, Neuropsicologia e Avaliação Neuropsicológica, convidamos a visitar o nosso blog, onde compartilhamos artigos, estudos de caso e reflexões atuais. Além disso, conheça nossa Formação Permanente na IC&C (Intervenções Cognitivas e Comportamentais), um programa completo que une teoria e prática supervisionada, preparando profissionais para lidar com diversos transtornos, incluindo a depressão, de maneira integrativa e baseada em evidências.
Índice
- Entendendo a depressão e suas características
- Fundamentos da ACT: flexibilidade psicológica e valores
- Processos centrais da ACT no tratamento de depressão
3.1 Aceitação e desfusão de pensamentos negativos
3.2 Contato com o momento presente e mindfulness
3.3 Clareza de valores e ação comprometida - Como a ACT lida com sintomas depressivos
4.1 Superando a inércia comportamental
4.2 Reorientação motivacional e existencial
4.3 Práticas de autocompaixão e aceitação - Exemplos de exercícios e intervenções em ACT para depressão
5.1 Exercício “Folhas no rio” (Leaves on a stream)
5.2 Metáfora dos passageiros do ônibus
5.3 Definindo valores e metas de vida
5.4 Ações comprometidas: planejamento e monitoramento - Estudos de caso e evidências científicas
- Desafios e considerações no uso de ACT para depressão
7.1 Integração com outras abordagens
7.2 Formação e supervisão específicas
7.3 Ética e respeito ao ritmo do paciente - Conclusão e próximos passos
1. Entendendo a depressão e suas características
A depressão é um dos transtornos mentais mais prevalentes, caracterizada por:
- Humor deprimido ou perda de interesse/prazer nas atividades (anedonia);
- Alterações cognitivas como pensamentos negativos, desesperança, falta de concentração;
- Sintomas físicos (fadiga, alterações de sono, apetite etc.);
- Dificuldade de tomar iniciativas e sensação de “paralisia” diante da vida cotidiana.
Tradicionalmente, Terapia Cognitivo-Comportamental e intervenções farmacológicas mostram eficácia no tratamento, porém parte dos pacientes ainda lida com recaídas e persistência de sintomas residuais. Nesse cenário, Terapias de Terceira Onda — como a ACT — vêm ganhando destaque por oferecer ferramentas adicionais de aceitação e flexibilidade psicológica que auxiliam na prevenção de recaídas e na promoção de bem-estar a longo prazo.
2. Fundamentos da ACT: flexibilidade psicológica e valores
A ACT (Terapia de Aceitação e Compromisso) parte do pressuposto de que muito do sofrimento humano está ligado à tentativa de controlar ou eliminar experiências internas (pensamentos, emoções, sensações) desconfortáveis. Numa depressão, o paciente frequentemente luta contra sua tristeza ou tenta mudar pensamentos de forma forçada, entrando em espirais de autocrítica ou evitação.
Para a ACT, a flexibilidade psicológica surge como capacidade central a ser desenvolvida:
- Aceitação: estar aberto a sentir e perceber emoções difíceis sem fugir;
- Desfusão: enxergar pensamentos como eventos mentais, não como verdades absolutas;
- Contato com o momento presente: cultivar a atenção plena no “agora”, ao invés de ruminar sobre passado ou futuro;
- Valores pessoais: reconhecer o que é importante na vida e usar isso como bússola;
- Ação comprometida: agir de forma congruente com os valores, mesmo na presença de emoções dolorosas.
Essa flexibilidade evita que a pessoa caia na chamada “armadilha do controle”, onde tudo gira em torno de combater ou suprimir sintomas, o que pode paradoxalmente intensificá-los.
3. Processos centrais da ACT no tratamento de depressão
3.1 Aceitação e desfusão de pensamentos negativos
Em quadros de depressão, há um fluxo intenso de pensamentos automáticos como “sou um fracasso”, “não há sentido em nada”. A ACT propõe, em vez de refutar sistematicamente cada pensamento (como se faz na TCC tradicional), desenvolver uma postura de observação. Usa-se metaforas de “folhas no rio” ou “nuvens passando” para ilustrar como os pensamentos podem vir e ir sem necessariamente reger ações ou definir o que a pessoa é.
3.2 Contato com o momento presente e mindfulness
A ruminação depressiva prende o indivíduo em arrependimentos do passado ou medos do futuro. Assim, práticas de mindfulness possibilitam que o paciente exercite “estar aqui e agora” — percebendo sons, sensações, respiração — e interrompa temporariamente a corrente de autocríticas. Esse contato com o presente ajuda a suavizar a inércia e a enxergar oportunidades de escolha.
3.3 Clareza de valores e ação comprometida
Em vez de se deixar levar apenas pelo humor deprimido, a ACT convida a pessoa a identificar o que mais importa em sua vida. Podem ser valores relacionados a relacionamentos, carreira, espiritualidade, autocuidado. Então, estabelece-se um plano de ações comprometidas alinhadas a esses valores, mesmo que o paciente ainda se sinta triste ou desmotivado. Esse processo fortalece o senso de propósito e contrabalança a tendência depressiva de retraimento.
4. Como a ACT lida com sintomas depressivos
4.1 Superando a inércia comportamental
Um dos aspectos mais desafiadores da depressão é a falta de energia e motivação para agir. Na ACT, trabalhar a aceitação do desconforto (em vez de esperar a energia voltar “naturalmente”) e a definição de metas graduais com base em valores funcionam como alicerces para quebrar a inércia. Apesar de o paciente ainda se sentir desanimado, pequenos passos voltados ao que é significativo podem gerar uma espiral de mudança positiva.
4.2 Reorientação motivacional e existencial
Muitas pessoas depressivas se sentem sem sentido de vida. A ACT, ao enfatizar a conexão com valores pessoais, oferece uma “busca ativa” por propósitos. Isso vai além do alívio sintomático, implicando uma mudança existencial: em vez de tentar “não sentir tristeza”, passa-se a focar em “como viver de modo mais pleno, mesmo na presença de tristeza?”.
4.3 Práticas de autocompaixão e aceitação
A depressão frequentemente vem acompanhada de autocrítica feroz — “eu não sou bom”, “falho em tudo”. Nesse cenário, estimular uma atitude de compaixão e cuidado para consigo mesmo se torna crucial. A ACT, diferentemente de abordagens centradas na mudança de conteúdo, sugere que o paciente se permita sentir tristeza e vulnerabilidade sem se julgar, acolhendo tais emoções como parte da experiência humana.
5. Exemplos de exercícios e intervenções em ACT para depressão
5.1 Exercício “Folhas no rio” (Leaves on a stream)
Objetivo: Favorecer desfusão cognitiva, ajudando a observar pensamentos sem se agarrar a eles.
- O terapeuta orienta o paciente a imaginar um rio calmo onde, a cada vez que surge um pensamento (“sou incompetente”), ele o coloca em uma “folha” que desce pelo rio, sem tentar impedir ou segurar a folha.
- A ideia é notar a passagem do pensamento, em vez de lutar contra ou aprofundar o seu conteúdo.
5.2 Metáfora dos passageiros do ônibus
Objetivo: Ilustrar como pensamentos/emoções podem “dar ordens”, mas quem dirige o “ônibus” (vida) é o paciente.
- O paciente imagina ser um motorista de ônibus cheio de “passageiros” (pensamentos do tipo “você não vai conseguir”). Se ele obedecer a todos os comandos dos passageiros (“pare agora!”), nunca chegará ao destino (valores).
- Em vez de discutir com cada passageiro, o motorista pode continuar dirigindo, reconhecendo a presença deles sem ceder às exigências.
5.3 Definindo valores e metas de vida
Objetivo: Reconectar o indivíduo ao que realmente importa.
- Em uma depressão, a pessoa pode perder a capacidade de enxergar sentido. O terapeuta, então, conduz reflexões para que o paciente identifique áreas importantes — relacionamento, estudo, autocuidado, espiritualidade etc.
- A partir daí, definem-se metas comportamentais viáveis, mesmo que pequenas. Exemplo: se “família” é um valor essencial, que ações concretas podem ser adotadas para cuidar desse laço, apesar da tristeza?
5.4 Ações comprometidas: planejamento e monitoramento
Objetivo: Transformar valores em comportamentos reais, avaliando progressos e obstáculos.
- Semelhante ao planejamento de atividades prazerosas na TCC tradicional, aqui há ênfase nos valores como motivadores. O paciente decide, por exemplo, “sair para uma caminhada de 15 minutos com um amigo, pois valorizo manter amizades saudáveis”.
- Essas ações são registradas, revisadas e ajustadas, reconhecendo-se as barreiras emocionais e trabalhando a aceitação do desconforto ao realizá-las.
6. Estudos de caso e evidências científicas
Numerosas pesquisas têm examinado a eficácia da ACT em depressão. Metanálises sugerem que a ACT é comparável às formas tradicionais de TCC na redução de sintomas depressivos, com bons resultados na prevenção de recaídas e na melhora do funcionamento global. Estudos de caso ilustram pacientes que, após tentativas de modificar pensamentos via reestruturação cognitiva, encontram na ACT uma forma diferente de relacionar-se com as crenças negativas — aceitando-as como parte do fluxo mental, mas comprometendo-se com ações valiosas.
Exemplo resumido: um paciente com depressão crônica relata persistente sentimento de inadequação. Na ACT, aprende a reconhecer que tentar extirpar a autodepreciação se mostrou ineficaz em tentativas anteriores, passando a permitir a presença desses pensamentos, simultaneamente engajando-se em relacionamentos sociais e atividades congruentes com seu valor de “ajudar os outros”. Gradualmente, o humor melhora e a sensação de incapacidade perde força, apesar de ainda surgirem pensamentos negativos.
7. Desafios e considerações no uso de ACT para depressão
7.1 Integração com outras abordagens
Embora a ACT possa ser usada de modo autônomo, muitos terapeutas integram técnicas comportamentais e cognitivas tradicionais. Por exemplo, o paciente pode se beneficiar de autorregistros típicos da TCC de segunda onda para monitorar pensamentos, enquanto pratica exercícios de desfusão e aceitação propostos pela ACT.
7.2 Formação e supervisão específicas
Dominar a ACT requer conhecimento de suas metáforas, exercícios e postura clínica — algo que difere de forma notável das intervenções puramente cognitivas. Assim, é fundamental buscar cursos, supervisões e leituras especializadas, garantindo a aplicação fidedigna e ética das técnicas.
7.3 Ética e respeito ao ritmo do paciente
É preciso cuidado ao introduzir a aceitação de sentimentos difíceis em casos de depressão severa ou com risco de suicídio. Práticas de mindfulness e contato com emoções dolorosas devem ser feitas gradualmente, respeitando a prontidão do paciente e assegurando que existam redes de apoio e estratégias de contenção para crises.
8. Conclusão e próximos passos
A Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) traz uma nova perspectiva para o tratamento de depressão, ao enfatizar a flexibilidade psicológica, a aceitação das experiências internas e o compromisso com ações que reflitam valores pessoais. Em vez de tentar “ganhar a guerra” contra os sintomas depressivos, a ACT propõe um caminho de convivência com as dificuldades — sem paralisar ou abandonar a busca por uma vida significativa.
Os resultados clínicos e pesquisas atuais indicam que a ACT pode se integrar com outras estratégias da TCC, ampliando o alcance e a eficácia no manejo dos sintomas. Entretanto, sua aplicação depende de um treinamento cuidadoso e de um olhar clínico que respeite a individualidade e o contexto de cada paciente.
Para terapeutas interessados em adotar a ACT no cuidado de pessoas com depressão, recomenda-se:
- Formação especializada, por meio de cursos e supervisões em Terapias de Terceira Onda.
- Estudos de caso e leituras aprofundadas sobre as metáforas, exercícios de mindfulness e processo de desfusão cognitiva.
- Integração com outras ferramentas cognitivo-comportamentais e, quando necessário, com intervenções médicas e multidisciplinares.
Se você pretende avançar nesse campo, convidamos a conhecer a nossa Formação Permanente da IC&C (Intervenções Cognitivas e Comportamentais), onde discutimos em profundidade os fundamentos e a prática supervisionada de abordagens como a ACT. Além disso, não deixe de acompanhar o blog da IC&C, onde publicamos artigos, reflexões e estudos de caso que podem enriquecer ainda mais sua prática clínica e o entendimento das Terapias de Terceira Onda.
Invista na sua formação e descubra o poder transformador da ACT no tratamento de depressão, auxiliando seus pacientes a viverem de forma plena, alinhada a seus valores, mesmo diante das dores emocionais.
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