Benefícios da DBT em Grupos: Por Que o Formato Grupal é Tão Importante?

Matheus Santos • 9 de dezembro de 2024

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A Terapia Comportamental Dialética (DBT), desenvolvida por Marsha Linehan, é uma abordagem eficaz para o tratamento de diversos transtornos psicológicos, especialmente aqueles que envolvem dificuldades de regulação emocional e relacionamentos interpessoais, como o transtorno de personalidade borderline (TPB). Uma das características mais marcantes da DBT é a utilização de sessões individuais, mas também de sessões em grupo, que desempenham um papel fundamental no sucesso do tratamento. Neste post, exploraremos por que a DBT em grupo pode ser particularmente poderosa e como ela contribui para a recuperação e o bem-estar dos pacientes.


O Que é a DBT e como ela Funciona?


Antes de explorarmos os benefícios da DBT em grupos, é importante entender brevemente o que é essa terapia. A DBT é uma abordagem terapêutica que integra práticas de aceitação com estratégias de mudança comportamental. Ela se concentra em ajudar os indivíduos a lidar com emoções intensas, comportamentos impulsivos e dificuldades nos relacionamentos interpessoais.


A DBT foi originalmente desenvolvida para tratar pacientes com transtorno de personalidade borderline, mas seus benefícios têm sido amplamente reconhecidos em uma variedade de transtornos emocionais, como transtornos alimentares, depressão crônica, transtornos de ansiedade e transtornos de estresse pós-traumático (TEPT).


A terapia é estruturada em quatro módulos principais:


  1. Atenção Plena (Mindfulness)
  2. Regulação Emocional
  3. Tolerância ao Sofrimento
  4. Habilidades Interpessoais


Esses módulos ajudam os pacientes a desenvolver habilidades essenciais para lidar com as dificuldades emocionais e comportamentais que enfrentam.


Benefícios da DBT em Grupos


Embora as sessões individuais de DBT sejam fundamentais para o progresso do paciente, o formato grupal oferece uma série de benefícios exclusivos. Vamos explorar como a DBT em grupo pode ser ainda mais eficaz para os pacientes.


1. Sensação de Pertencimento e Suporte Social


Uma das principais vantagens de participar de um grupo DBT é o sentimento de pertencimento. Pacientes com dificuldades emocionais intensas muitas vezes se sentem isolados e desconectados. A DBT em grupo proporciona um espaço seguro onde os participantes podem se sentir compreendidos e apoiados por outras pessoas que estão enfrentando desafios semelhantes.


Como isso ajuda:


  • Reduz a solidão: Participar de um grupo ajuda o paciente a entender que não está sozinho em suas dificuldades.
  • Aumenta a motivação: O apoio mútuo pode aumentar a motivação para continuar o tratamento, especialmente em momentos difíceis.
  • Melhora o compromisso com a terapia: A conexão com outros membros do grupo cria um sentimento de responsabilidade compartilhada.


2. Aprendizado com os Outros


O grupo DBT oferece uma oportunidade única para que os pacientes compartilhem suas experiências, aprendam uns com os outros e pratiquem habilidades em um ambiente social controlado. Durante as sessões em grupo, os pacientes podem observar como os outros aplicam as técnicas de DBT em suas próprias vidas e aprender com esses exemplos.


Como isso ajuda:


  • Aprendizagem ativa: Os pacientes podem ver e ouvir exemplos reais de como outras pessoas enfrentam os mesmos desafios e superam obstáculos, o que fortalece suas próprias habilidades.
  • Diversidade de perspectivas: Cada participante traz uma perspectiva única, permitindo que os membros do grupo explorem diferentes soluções e estratégias.
  • Maior prática das habilidades: O ambiente de grupo oferece a oportunidade de praticar as habilidades interpessoais, como comunicação assertiva, escuta ativa e gestão de conflitos.


3. Modelagem de Comportamentos Positivos


Em grupos de DBT, os pacientes não apenas aprendem as habilidades, mas também podem observar a modelagem de comportamentos positivos pelos outros membros. O modelo de ajuda mútua é central para a DBT grupal, o que significa que os pacientes têm a oportunidade de ensinar uns aos outros e apoiar-se mutuamente.


Como isso ajuda:


  • Exemplos práticos: Ao observar os outros praticando as habilidades, os pacientes podem ver como essas técnicas funcionam na vida real.
  • Incentivo para mudança: Através do feedback positivo e construtivo dentro do grupo, os pacientes se sentem encorajados a experimentar novas formas de agir e reforçar o comportamento adaptativo.


4. Redução da Evitação e Aumento da Exposição Social


A DBT em grupo também oferece uma oportunidade para os pacientes enfrentarem a evitação de situações sociais. Muitas pessoas que lutam com dificuldades emocionais, especialmente aquelas com transtornos de personalidade borderline, evitam interações sociais devido ao medo de rejeição ou dificuldades de relacionamento. O formato grupal permite uma exposição gradual a essas situações, o que pode ajudar a reduzir a evitação e aumentar a confiança interpessoal.


Como isso ajuda:


  • Reduz a ansiedade social: Participar de discussões em grupo e interagir com os outros ajuda a reduzir o medo e a ansiedade relacionados à socialização.
  • Melhora a capacidade de lidar com críticas: O ambiente de grupo oferece uma oportunidade de praticar a aceitação de críticas construtivas de maneira segura e suportiva.


5. Ensinando e Praticando Habilidades em Tempo Real


Em um ambiente grupal, as habilidades DBT podem ser ensinadas e praticadas em tempo real, permitindo que os participantes se exponham ao desafio de lidar com emoções intensas enquanto têm o apoio do grupo e do terapeuta. Essas sessões podem ser mais eficazes do que a terapia individual, onde a prática em situações sociais reais pode ser mais limitada.


Como isso ajuda:


  • Aplicação prática das habilidades: Em grupo, os pacientes podem praticar habilidades de regulação emocional, como tolerância ao sofrimento e atenção plena, enquanto interagem com os outros.
  • Feedback imediato: Os participantes recebem feedback imediato sobre como estão aplicando as habilidades, o que melhora a eficácia das intervenções.


Conclusão


A DBT em grupo oferece uma série de benefícios complementares à terapia individual, proporcionando um ambiente de apoio social, oportunidades de aprendizado com os outros, e a chance de praticar habilidades em tempo real. Esses benefícios fazem com que o formato grupal seja uma parte crucial do tratamento em DBT, promovendo não apenas o crescimento individual, mas também fortalecendo a comunidade terapêutica.


Se você é um profissional da área da saúde mental e deseja aprender mais sobre a aplicação da DBT em diferentes contextos, incluindo a forma grupal, confira a Formação Permanente IC&C.


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A Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) é uma abordagem de terceira onda que promove a flexibilidade psicológica por meio de seis processos centrais: aceitação, defusão cognitiva, presença, self como contexto, valores e ação comprometida PMC . Com o avanço da telepsicologia, esses princípios têm sido traduzidos em ambientes digitais — os chamados iACT (Internet‑based ACT) — disponibilizados via websites, chatbots e aplicativos móveis. As soluções digitais ampliam o acesso à intervenção, sendo especialmente úteis em contextos de escassez de profissionais ou barreiras geográficas. Além disso, apps permitem coleta contínua de dados e uso de notificações para reforçar o engajamento do usuário Nature . Links internos sugeridos: Para fundamentos de ACT, veja nosso post Terapias de Terceira Onda Saiba como aplicar ACT em grupo: DBT em Contextos Clínicos Evidências de Eficácia de iACT Meta‑análises recentes indicam que intervenções de ACT via internet produzem efeitos pequenos a médios na redução de sintomas de depressão, ansiedade e estresse, além de melhora na qualidade de vida PMC . Por exemplo: iACT reduziu sintomas depressivos e ansiosos com effect size g≈0,30–0,50 em 39 estudos randomizados PMC . Apps móveis baseados em ACT mostraram eficácia no controle de sintomas de PTSD em adultos chineses (n = 200) com redução significativa de sintomas pós‑tratamento ScienceDirect . Revisões de RCTs apontam alta aceitabilidade e taxas de conclusão acima de 70 % em programas web‑delivered ACT para depressão PMC . Esses achados confirmam que iACT é comparável a outras terapias digitais (ex.: TCC) e altamente aceitável para usuários, embora mais estudos comparativos com controles ativos sejam recomendados PMC . Principais Ferramentas e Apps de ACT A seguir, seis soluções digitais de ACT com base em disponibilidade, evidência e design:
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A teleneuropsicologia — ou avaliação neuropsicológica remota — cresceu exponencialmente após a pandemia de COVID-19, mostrando-se viável para diversos perfis clínicos . Vantagens principais: Acesso a pacientes em áreas remotas Continuidade de cuidado em situações de isolamento Economia de tempo e custos de deslocamento Desafios: Garantir padronização de ambiente Manter sigilo e segurança de dados Ajustar normas de escores padronizados presenciais para remoto Links internos: Veja também nosso guia completo de Avaliação Neuropsicológica Para práticas presenciais, confira Testes de Atenção Sustentada Fundamentos Éticos e Legais Consentimento Informado Digital Enviar formulário eletrônico detalhando riscos, benefícios e limites da avaliação remota. Registrar aceite via assinatura digital ou gravação de vídeo. Privacidade e LGPD Usar plataformas com criptografia de ponta a ponta. Armazenar gravações e relatórios em servidores seguros, com acesso restrito. Limitações e Contraindicações Pacientes com déficit sensorial grave sem suporte tecnológico local. Situações de risco suicida ou comportamental agudo sem equipe de apoio presencial. Links internos: Entenda mais em nosso post sobre Ética em Psicologia Clínica Seleção de Ferramentas e Plataformas
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Ao longo dos últimos anos, a Psicologia Clínica e a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) passaram por importantes transformações, buscando formas de atender melhor pessoas com transtornos mentais graves e persistentes. Nesse contexto, surge a Terapia Cognitiva Orientada para a Recuperação (CT-R) — uma abordagem inovadora, desenvolvida a partir dos fundamentos da TCC, com foco especial em esperança, ativação motivacional e fortalecimento do senso de identidade . Criada por Aaron T. Beck , Paul Grant e colaboradores, a CT-R foi pensada para ir além do alívio de sintomas, ajudando os pacientes a construírem uma vida significativa, mesmo diante de grandes desafios. Neste artigo, vamos entender o que é a CT-R, seus princípios, como ela funciona na prática clínica e por que representa um grande avanço para a saúde mental contemporânea. O que é a Terapia Cognitiva Orientada para a Recuperação (CT-R)? A CT-R é uma evolução da Terapia Cognitiva tradicional, criada para atender pessoas com esquizofrenia, transtornos psicóticos, transtorno bipolar grave e outros quadros severos . Diferente das abordagens tradicionais focadas exclusivamente na redução de sintomas, a CT-R busca despertar o desejo de viver plenamente , atuando sobre as paixões, interesses e objetivos de vida de cada indivíduo. O foco é empoderar o paciente , e não apenas controlar os sintomas. Seus pilares centrais incluem: Esperança na recuperação ; Fortalecimento da identidade positiva ; Ação baseada em valores e desejos pessoais ; Ativação motivacional constante ; Promoção da autonomia e autodeterminação . 👉 Veja também: As contribuições da neurociência para a evolução das ondas da TCC Princípios fundamentais da CT-R O paciente é mais do que seu transtorno : a CT-R trabalha para recuperar a identidade e os sonhos que muitas vezes ficam obscurecidos pela doença. Foco em pontos fortes, não em déficits : a terapia ativa talentos, interesses e motivações internas. Ativação e prática são essenciais : pequenos passos em direção a objetivos importantes aumentam o senso de agência e autoconfiança. Recuperação é possível : mesmo em condições graves, a transformação é real e possível. Construção do “Eu Ativo” : promover um senso de si baseado em escolhas, valores e participação ativa no mundo. Como funciona a CT-R na prática clínica? A CT-R é estruturada em torno de um processo de ativação personalizada : Identificação de paixões e interesses : o terapeuta explora com o paciente suas fontes internas de motivação (ex: música, culinária, esportes, cuidado com animais). Definição de metas e micro-metas : objetivos claros, factíveis e conectados com valores pessoais. Criação de um plano de ação : estruturado para promover experiências de sucesso. Superação de obstáculos internos : técnicas cognitivo-comportamentais são usadas para lidar com pensamentos desmotivadores, crenças limitantes e medos. Reforço positivo contínuo : cada pequena vitória é celebrada e consolidada. Para quem a CT-R é indicada? Pessoas com esquizofrenia ou transtornos psicóticos crônicos; Indivíduos com transtorno bipolar severo ; Pacientes com histórico de hospitalizações psiquiátricas frequentes ; Casos de desesperança, desmotivação e isolamento extremo ; Pessoas em programas de reabilitação psicossocial ; Cenários emergentes: ansiedade severa, depressão resistente e trauma complexo . Benefícios da CT-R Aumento da motivação e iniciativa pessoal; Redução de comportamentos de isolamento e apatia; Melhora da autoestima e autoconfiança; Redução de hospitalizações psiquiátricas; Reconstrução de laços sociais e familiares; Retorno a atividades significativas (trabalho, estudo, lazer). 👉 Veja também: Como a ACT promove a flexibilidade psicológica Evidências científicas sobre a CT-R Pesquisas iniciais e ensaios clínicos randomizados demonstraram que a CT-R: Melhora o funcionamento global e a qualidade de vida de pessoas com esquizofrenia (Grant et al., 2012); Reduz significativamente a gravidade de sintomas negativos (apatia, anedonia) — considerados de difícil manejo; Promove engajamento duradouro em tratamentos e reabilitação social. Além disso, estudos mostraram que pacientes em programas baseados na CT-R demonstraram maiores taxas de independência e reinserção social em comparação com abordagens tradicionais focadas apenas em sintomas. Exemplo de estudo de caso (fictício) 👨 Pedro, 32 anos Diagnóstico: esquizofrenia com sintomas negativos predominantes (isolamento, falta de motivação); Intervenção: identificação de paixão por jardinagem, definição de micro-metas semanais (regar plantas, participar de oficinas de cultivo); Resultados: Aumento progressivo da participação social; Melhora no humor e na autoestima; Redução de sintomas de isolamento e desesperança. Como se capacitar em CT-R? Cursos internacionais ministrados pela Beck Institute for Cognitive Behavior Therapy (EUA); Manuais e publicações científicas sobre CT-R (em inglês, atualmente); Integração gradual dos princípios da CT-R na prática clínica de TCC tradicional. 👉 Veja também: Treinamento de terapeutas em ACT: um guia para iniciantes Conclusão A Terapia Cognitiva Orientada para a Recuperação (CT-R) representa uma evolução ética, clínica e humana dentro das terapias cognitivo-comportamentais . Ela amplia o foco da intervenção para além da remissão de sintomas, investindo na recuperação da identidade, na ativação da esperança e no florescimento do potencial humano . Com a CT-R, a clínica deixa de perguntar apenas "quais sintomas você apresenta?" e passa a perguntar: "Quais sonhos você ainda quer realizar?" Quer se aprofundar em abordagens inovadoras como a CT-R e transformar sua prática clínica? Participe da Formação Permanente do IC&C e esteja entre os profissionais que fazem a diferença, com ciência, sensibilidade e propósito.
Por Matheus Santos 21 de abril de 2025
Quando uma criança ou adolescente passa a evitar sistematicamente a escola — com choro, queixas físicas, crises de ansiedade ou até isolamento social — estamos diante de um fenômeno que exige atenção clínica: a recusa escolar .  Mais do que um comportamento isolado, a recusa escolar pode ser expressão de sofrimento emocional, dificuldades cognitivas, quadros ansiosos ou conflitos familiares , e sua condução requer sensibilidade e um olhar multidimensional. Nesse contexto, a avaliação neuropsicológica torna-se uma ferramenta poderosa para identificar os fatores envolvidos e direcionar intervenções eficazes e integradas. O que é recusa escolar? A recusa escolar se caracteriza por uma resistência significativa em frequentar ou permanecer na escola , geralmente acompanhada de sofrimento psicológico evidente. Não se trata de rebeldia ou negligência, mas de um sinal clínico multifatorial , que pode incluir: Medo intenso de separação; Ansiedade social; Dificuldades de aprendizagem; Bullying ou trauma escolar; Transtornos do neurodesenvolvimento; Desorganização familiar ou mudanças bruscas na rotina. Quando suspeitar de recusa escolar com base clínica? Queixas somáticas frequentes antes do horário escolar (dor de cabeça, enjoo, dores no corpo); Choro ou crises de pânico diante da ideia de ir à escola; Faltas frequentes ou evasão silenciosa; Alta seletividade em contextos sociais; Ausência de interesse por atividades escolares, apesar de gostar de aprender; Melhora rápida dos sintomas em casa ou aos finais de semana. 👉 Veja também: Avaliação neuropsicológica na ansiedade infantil A importância da avaliação neuropsicológica A avaliação neuropsicológica é essencial em casos de recusa escolar por diversos motivos: Identifica o perfil cognitivo e emocional do indivíduo; Diferencia causas primárias (ansiedade, depressão, TDAH, TEA) de causas secundárias (conflitos escolares, bullying, ambiente disfuncional); Permite compreender os impactos da ausência escolar no desenvolvimento acadêmico; Subsidia o planejamento terapêutico e pedagógico personalizado; Dá voz à criança ou adolescente por meio de observações indiretas e análise contextual. O que avaliar? Funções cognitivas gerais : Atenção, memória, raciocínio lógico, linguagem; Funções executivas (planejamento, inibição, flexibilidade). Aspectos emocionais e afetivos : Sintomas ansiosos, humor deprimido, autoestima; Regulação emocional e tolerância à frustração. Habilidades sociais e adaptativas : Participação em grupos, interação com pares e adultos; Grau de independência nas atividades diárias. Motivação escolar e autorregulação : Relação da criança com tarefas, rotina e responsabilidades; Percepção de autoeficácia. Instrumentos recomendados Cognitivos: WISC-V ou Leiter-3 (quando há barreiras verbais); Torre de Londres, TMT A/B, Stroop Test ; RAVEN – Matrizes Progressivas (complemento não verbal). Comportamentais e emocionais: CBCL (Child Behavior Checklist) ; Inventário de Ansiedade Infantil (MASC) ; Inventário de Depressão Infantil (CDI) ; Escala de Autorregulação Escolar . Sociofamiliares: Entrevistas com pais, professores e equipe pedagógica ; Vineland Adaptive Behavior Scales (para crianças com suspeita de TEA ou DI); Questionários sobre clima escolar e relacionamento com pares . 👉 Leia também: Como medir funções executivas na prática clínica Estudo de caso (fictício) 👧 Mariana, 10 anos Queixa: recusa para ir à escola há 3 meses; episódios de choro e dores de barriga diárias. Avaliação: WISC-V, CBCL, entrevistas com escola e pais. Achados: Inteligência dentro da média; Elevados índices de ansiedade de separação e evitação social; Traços de perfeccionismo e autocrítica intensa. Hipótese clínica : recusa escolar por quadro ansioso internalizante, com componentes de ansiedade social e medo de desempenho. Encaminhamentos : psicoterapia cognitivo-comportamental, plano de retorno escolar gradual, acolhimento familiar e escolar com estratégias colaborativas. Comorbidades comuns à recusa escolar Transtorno de Ansiedade de Separação Ansiedade Social Fobia escolar Depressão infantil Transtorno de Aprendizagem TDAH Transtornos de comportamento TEA Boas práticas na devolutiva Acolher o sofrimento emocional com escuta ativa; Evitar rótulos como “preguiça”, “drama” ou “frescura”; Validar as emoções da criança e da família; Compartilhar os achados com clareza e empatia; Propor um plano de intervenção escolar colaborativo , com passos pequenos e realistas; Recomendar psicoterapia baseada em evidências , quando necessário. Conclusão A recusa escolar é um fenômeno complexo que exige um olhar clínico, ético e contextualizado. A avaliação neuropsicológica amplia a escuta, organiza o entendimento das causas e aponta caminhos viáveis para reconstruir o vínculo entre o aluno e o ambiente escolar. Mais do que um laudo, a neuropsicologia oferece um mapa de possibilidades — para que cada criança possa voltar a aprender com segurança, pertencimento e autonomia. Quer aprender a avaliar e intervir em casos complexos como recusa escolar, TDAH, TEA e ansiedade? Participe da Formação Permanente do IC&C e domine os instrumentos, critérios clínicos e estratégias práticas para atuar com excelência e sensibilidade.
Por Matheus Santos 21 de abril de 2025
O mutismo seletivo é um transtorno de ansiedade caracterizado pela incapacidade consistente de falar em determinados contextos sociais , apesar da capacidade preservada de comunicação verbal em outras situações. Por exemplo, a criança pode conversar normalmente com familiares em casa, mas permanecer completamente em silêncio na escola ou diante de pessoas menos familiares. Embora raro, o mutismo seletivo é frequentemente mal compreendido ou confundido com timidez extrema, autismo, recusa escolar ou até desinteresse , atrasando intervenções adequadas. A avaliação neuropsicológica, quando bem conduzida, é uma ferramenta poderosa para entender esse quadro , identificar comorbidades e orientar estratégias sensíveis e eficazes. O que é o mutismo seletivo Segundo o DSM-5, os critérios diagnósticos para mutismo seletivo incluem: Incapacidade consistente de falar em situações sociais específicas nas quais há expectativa de fala (por exemplo, na escola), apesar de falar em outras situações; Interferência com o desempenho educacional ou ocupacional ou com a comunicação social; Duração de pelo menos um mês (não limitado ao primeiro mês de escola); A falha em falar não se deve à falta de conhecimento ou conforto com a linguagem exigida na situação; A dificuldade não é melhor explicada por um transtorno da comunicação (por exemplo, transtorno de fluência) ou por outros transtornos do neurodesenvolvimento, esquizofrenia ou transtorno psicótico. Quando suspeitar de mutismo seletivo? A criança fala normalmente com familiares , mas não fala em sala de aula ou com colegas; Evita interações sociais que exijam fala (como apresentações, leitura em voz alta, responder chamadas); Permanece em silêncio por meses ou anos em contextos escolares, mesmo com bom desempenho acadêmico; Apresenta respostas ansiosas intensas diante da expectativa de comunicação verbal; Usa estratégias alternativas de comunicação (olhar, gestos, escrita) para evitar falar. 👉 Veja também: Avaliação neuropsicológica em crianças com TDAH  Diferença entre mutismo seletivo, timidez, ansiedade social e TEA
Por Matheus Santos 20 de abril de 2025
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento que impacta a comunicação, a interação social e os padrões de comportamento. Ao contrário do que se acreditava no passado, o autismo não é uma condição única ou homogênea — ele se manifesta de formas muito diversas, exigindo um olhar sensível, técnico e individualizado. A avaliação neuropsicológica no TEA é uma das ferramentas mais potentes para entender o funcionamento global da pessoa autista , identificar comorbidades e orientar estratégias terapêuticas e educacionais baseadas em evidências. Neste artigo, você vai entender: O que caracteriza o TEA segundo os manuais diagnósticos; Como a avaliação neuropsicológica contribui para o diagnóstico e intervenção; Quais funções cognitivas, sociais e adaptativas devem ser avaliadas; Quais testes e estratégias são recomendadas; Como comunicar os resultados de forma ética e acolhedora. O que é o Transtorno do Espectro Autista? De acordo com o DSM-5 , o TEA é caracterizado por: Déficits persistentes na comunicação e na interação social em múltiplos contextos; Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades ; Os sintomas devem estar presentes desde o início do desenvolvimento ; Devem causar prejuízo clínico significativo; E não serem melhor explicados por deficiência intelectual isolada ou atraso global do desenvolvimento. O CID-11 adota uma estrutura similar, mas enfatiza a variabilidade de apresentação clínica , especialmente no que diz respeito ao uso da linguagem e à presença de deficiência intelectual associada. Por que a avaliação neuropsicológica é essencial no TEA? A avaliação neuropsicológica no TEA não é feita para “confirmar” o diagnóstico , mas sim para: Compreender o perfil funcional e cognitivo da pessoa autista ; Identificar pontos fortes e áreas de suporte ; Detectar comorbidades comuns , como TDAH, transtornos de aprendizagem, ansiedade ou depressão; Subsidiar planos terapêuticos, educacionais e intervenções específicas ; Apoiar o processo de adaptação curricular, inclusão escolar e orientações familiares . 👉 Veja também: Como interpretar testes neuropsicológicos de forma contextualizada Quais habilidades devem ser avaliadas? Funções cognitivas gerais : Inteligência verbal e não verbal Memória de trabalho Raciocínio lógico Atenção e funções executivas Habilidades adaptativas : Comunicação funcional Independência nas atividades diárias Participação social Aspectos socioemocionais : Habilidades de reconhecimento e regulação emocional Compreensão de intenções e metáforas Rigidez comportamental e interesses específicos Pragmática da linguagem e interação social : Uso social da linguagem Capacidade de manter conversas Interpretação de gestos, expressões faciais e pistas sociais Testes e instrumentos recomendados Inteligência e raciocínio: WISC-V ou WAIS-IV Leiter-3 (quando há dificuldades de linguagem) RAVEN - Matrizes Progressivas Coloridas Funções executivas e atenção: Torre de Londres Trail Making Test (TMT A/B) Stroop Test Span de dígitos e Corsi Linguagem e pragmática: ABFW - Teste de linguagem infantil Provas de linguagem funcional e narrativa Avaliação de inferência social e metáforas Habilidades adaptativas e sociais: Vineland Adaptive Behavior Scales Escala de Responsividade Social (SRS) CBCL / TRF / BASC-3 👉 Veja também: Avaliação neuropsicológica na deficiência intelectual Estudo de caso (fictício) 👦 Lucas, 7 anos Queixa: dificuldade em interações sociais e comportamento repetitivo. Avaliação: WISC-V, Torre de Londres, SRS, Vineland, entrevistas com pais e escola. Resultados: QI verbal e não verbal dentro da média; Dificuldades marcantes em flexibilidade cognitiva e atenção conjunta; Perfil adaptativo compatível com TEA leve, sem deficiência intelectual. Encaminhamentos : intervenção comportamental, treino de habilidades sociais, apoio escolar com mediação pedagógica e suporte psicológico para a família. Comorbidades frequentes no TEA TDAH : impulsividade, desatenção e hiperatividade; Ansiedade social e fobias específicas ; Transtornos de aprendizagem (especialmente dislexia e discalculia); Transtornos do sono e da alimentação ; Depressão (mais comum na adolescência e vida adulta) . A avaliação neuropsicológica ajuda a diferenciar sintomas que fazem parte do espectro daqueles que representam comorbidades importantes a serem tratadas separadamente. TEA x TDAH x TANV x TDC: principais diferenças
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