A influência das ciências comportamentais na terceira onda da TCC
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A chamada terceira onda da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) marcou uma virada significativa no campo da psicoterapia contemporânea. Diferentemente das ondas anteriores — que se concentravam ora no comportamento observável (primeira onda), ora na reestruturação cognitiva (segunda onda) —, a terceira onda trouxe um enfoque mais contextual, experiencial e relacional.
Nesse cenário, uma das grandes responsáveis pela sofisticação conceitual e eficácia clínica das terapias da terceira onda foi a aproximação com as ciências comportamentais. Isso inclui não apenas a análise do comportamento tradicional, mas também áreas como teoria da linguagem e cognição, economia comportamental, ciência da decisão, neurociência e estudos de comportamento relacional.
Neste artigo, exploramos como essas disciplinas influenciaram diretamente abordagens como a ACT, DBT, FAP e MBCT, ampliando o alcance, a profundidade e a base empírica das intervenções psicológicas baseadas em evidências.
A base comportamental que nunca saiu de cena
A TCC surgiu a partir do behaviorismo radical de Skinner e outros pesquisadores do século XX, cuja proposta era compreender o comportamento como uma função do contexto ambiental e histórico, sem apelo a explicações mentalistas.
Mesmo com a ascensão do cognitivismo na segunda onda, a base comportamental nunca foi totalmente abandonada. Na verdade, ela foi revisitada e ressignificada na terceira onda com ainda mais sofisticação.
Elementos fundamentais preservados:
- O foco na função do comportamento, não apenas em seu conteúdo
- A importância da relação entre ambiente e resposta
- A valorização da experiência direta e observável
- A consideração da história de reforço do indivíduo
A Teoria das Molduras Relacionais (RFT): uma virada linguística
Um dos marcos conceituais da terceira onda é a Teoria das Molduras Relacionais (Relational Frame Theory – RFT), desenvolvida por Steven Hayes e colaboradores. A RFT é uma teoria comportamental da linguagem e da cognição humana, que explica como aprendemos relações entre palavras, ideias e símbolos de forma arbitrária, e como essas relações influenciam nossas respostas emocionais e comportamentais.
Exemplo simples de RFT:
Se uma criança aprende que "doce é bom", e depois é exposta a "comer é doce", ela pode concluir que "comer é bom", mesmo sem experiência direta.
Esse tipo de aprendizado relacional, derivado e arbitrário, ajuda a explicar fenômenos como:
- Sofrimento por pensamentos do passado que já não existem
- Medo de eventos futuros que ainda não ocorreram
- Comportamentos de evitação baseados em linguagem (ex: "não posso fracassar")
A RFT dá suporte teórico à ACT, permitindo que a terapia trabalhe com a relação do sujeito com seus pensamentos, e não com o conteúdo literal.
👉 Leia mais sobre o papel da linguagem na ACT neste artigo
ACT: uma psicoterapia com raízes nas ciências comportamentais
A Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) é talvez o exemplo mais direto de como as ciências comportamentais influenciaram a terceira onda.
Seus pilares — aceitação, defusão cognitiva, contato com o presente, self como contexto, valores e ação comprometida — se apoiam na compreensão funcional do comportamento, na RFT e em evidências empíricas derivadas da análise do comportamento.
Influências comportamentais claras na ACT:
- Evitação experiencial como comportamento funcionalmente problemático
- Flexibilidade psicológica como resultado da alteração da função dos eventos internos
- Metáforas e analogias como formas de alterar a função da linguagem
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DBT: integração entre comportamento e dialética
A Terapia Comportamental Dialética (DBT), desenvolvida por Marsha Linehan, também possui raízes profundamente comportamentais. Sua estrutura de treinamento de habilidades, validação emocional e análise de cadeias comportamentais é herdeira direta da análise do comportamento.
O diferencial da DBT foi integrar:
- Comportamento e emoção
- Validação e mudança
- Aceitação radical e ação orientada por metas
Essa síntese entre ciência comportamental e filosofia dialética tornou a DBT eficaz em quadros complexos como transtorno de personalidade borderline, suicídio e disfunção emocional grave.
👉 Conheça os 4 módulos da DBT neste artigo
FAP: a relação terapêutica como intervenção comportamental
A Psicoterapia Analítica Funcional (FAP) traz uma proposta inovadora: usar a relação terapêutica como ambiente vivo de mudança comportamental.
Ela se apoia na análise de contingências que ocorrem durante a sessão, tratando o comportamento do paciente como dado clínico observável.
Fundamentos comportamentais da FAP:
- Identificação de classes de resposta clinicamente relevantes (CRB1, CRB2, CRB3)
- Reforçamento de novos padrões de comportamento no aqui-agora
- Avaliação funcional da relação terapêutica como contexto de transformação
Outras ciências comportamentais que influenciam a terceira onda
Além da análise do comportamento e da RFT, outras disciplinas vêm enriquecendo a TCC contemporânea:
1. Economia comportamental
- Estudos sobre decisão, recompensa e impulsividade
- Impacto na compreensão de procrastinação, dependências e adesão ao tratamento
2. Neurociência do comportamento
- Corrobora efeitos de práticas de mindfulness, regulação emocional e aceitação
- Mapeamento de redes cerebrais associadas à atenção, autocontrole e compaixão
3. Ciência da decisão
- Aponta limites da racionalidade humana e como emoções influenciam escolhas
- Complementa intervenções que exigem mudança de hábitos e comportamentos
Por que essa influência importa para a clínica?
As terapias da terceira onda são mais do que modismos — são abordagens ancoradas em ciência do comportamento humano. Ao compreender essas influências:
- O terapeuta atua com mais coerência teórica
- A escolha de técnicas se torna funcional, e não apenas protocolar
- O tratamento se adapta ao paciente com base na função e no contexto
- As intervenções ganham maior poder transformador e sustentação empírica
Conclusão
A terceira onda da TCC representa um amadurecimento da psicoterapia baseada em evidências — e isso se deve, em grande parte, à profunda influência das ciências comportamentais. Ao resgatar suas origens e integrar novos conhecimentos, a TCC contemporânea tornou-se mais rica, mais sensível e mais eficaz.
Para o clínico que deseja atuar com profundidade, essa compreensão é essencial. Afinal, entender o comportamento é o primeiro passo para transformá-lo.
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