Ludopatia, Jogos Patológicos e o Impacto das Casas de Apostas: Uma Perspectiva Clínica e Social
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Introdução: o jogo como fenômeno cultural e contemporâneo
A prática do jogo atravessa culturas, religiões e sistemas econômicos desde a Antiguidade. Da roleta dos templos romanos aos dados dos soldados fenícios, jogos de azar sempre fizeram parte da experiência humana. Contudo, nas últimas décadas, o avanço da tecnologia digital, a liberalização de plataformas de apostas e o uso de estratégias gamificadas criaram um ambiente propício para o surgimento de um fenômeno silencioso e devastador: a ludopatia.
Classificada como transtorno do controle dos impulsos no DSM-5, a ludopatia ou jogo patológico afeta de forma crescente jovens e adultos em todo o mundo. Com o surgimento das casas de apostas online, a normalização das “bets” nas redes sociais e o acesso 24h via smartphone, o comportamento de jogar ultrapassou o entretenimento. Tornou-se, para muitos, um ciclo compulsivo, disfuncional e adoecedor.
Quando o jogo deixa de ser lazer: a anatomia da ludopatia
A ludopatia se instala de forma progressiva. Inicialmente, o indivíduo aposta por diversão, incentivo de amigos ou para “ganhar uma grana rápida”. Com o tempo, o reforço intermitente — ou seja, o ganho aleatório e imprevisível — ativa intensamente o sistema de recompensa do cérebro. Começa então a formação de um comportamento automatizado, que escapa ao controle consciente.
A pessoa perde a noção de tempo, gasta mais do que pode, sente culpa, mas aposta novamente. Há sensação de urgência, irritabilidade quando não se aposta, e um ciclo de compensação emocional diante de frustrações. Tudo isso aponta para um transtorno que compartilha características com dependências químicas, mas sem substância: uma dependência comportamental.
O cérebro do apostador: o que a neurociência revela
Estudos com neuroimagem funcional mostram que o cérebro de pessoas com jogo patológico apresenta alterações nas redes de controle inibitório, tomada de decisão e avaliação de risco. A ínsula anterior ventral, o córtex pré-frontal dorsolateral e o núcleo accumbens — áreas ligadas à antecipação de recompensa e impulso — se mostram hiperativadas.
Destaque científico
O artigo de Brevers et al. (2024), publicado na Addiction Biology, demonstrou que apostadores compulsivos apresentam aumento da conectividade funcional entre a ínsula anterior ventral e áreas relacionadas ao monitoramento de erro, controle atencional e valoração de risco.

Esse padrão reforça a ideia de que o cérebro do apostador está permanentemente em estado de “vigilância dopaminérgica”, com pouca resistência ao impulso e alta reatividade emocional frente a estímulos associados ao jogo.

O papel das casas de apostas online: dopamina sob demanda
As plataformas de apostas são desenhadas para manter o usuário engajado. Combinações de estímulos visuais, notificações, bônus, algoritmos de sugestão e desafios gamificados criam uma experiência de alta estimulação sensorial. O objetivo é claro: aumentar o tempo de permanência, o número de apostas e a sensação de controle.
Dados da PwC Strategy& (2024) mostram que:
- Mais de 12 bilhões de reais foram movimentados por plataformas de apostas em 2023;
- 65% dos usuários têm renda inferior a R$ 3.000;
- 40% admitem ter deixado de pagar contas básicas para apostar;
- Jovens entre 18 e 34 anos representam 70% dos usuários ativos.
🔗 Relatório completo da PwC Strategy&
O impacto na vida real: saúde mental, trabalho e família
A reportagem do G1 (2025) revelou que clínicas em Minas Gerais vêm recebendo jovens com dependência em “bets” com o mesmo protocolo clínico usado para dependência química. A média de idade dos casos graves é de 19 anos. Muitos relatam:
- Tentativas de suicídio;
- Endividamento com cartões de terceiros;
- Abandono escolar e profissional;
- Autoestima deteriorada.
🔗 Leia a matéria completa no G1
A dimensão familiar é outro ponto sensível. Pais e mães se endividam por filhos. Casais rompem. Vínculos se fragilizam. Há um luto ambíguo: o ente querido “ainda está ali”, mas consumido pelo jogo.

Dados de mercado e prejuízos financeiros
O portal Estadão E-Investidor alerta para o impacto financeiro das apostas:
- Cartões de crédito são usados de forma descontrolada;
- O jogo afeta a capacidade de planejamento e poupança;
- Muitos acreditam que “vão recuperar tudo em uma próxima rodada”.
🔗 Apostas no Brasil: impacto no bolso
A perspectiva clínica: o que fazer quando o jogo vira sofrimento
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma das abordagens mais eficazes. As metas incluem:
- Reduzir a frequência e a intensidade do comportamento de aposta;
- Identificar e reestruturar distorções cognitivas (ex: “estou controlando”, “agora é minha vez”);
- Trabalhar estratégias de enfrentamento e tolerância emocional;
- Reforçar comportamentos alternativos, prazerosos e saudáveis;
- Incluir a família no processo terapêutico.
Estudos indicam que 12 sessões de TCC bem conduzidas podem levar a uma redução de até 60% nos episódios de aposta (Petry, 2020).
Casos mais graves exigem suporte psiquiátrico com uso de ISRS, naltrexona ou topiramato, além de grupos como Jogadores Anônimos.
Um convite à conscientização (e à ação)
Se você ou alguém próximo está sofrendo com os efeitos das apostas online, saiba que há caminhos. Buscar ajuda é sinal de força, não de fraqueza.
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Referências bibliográficas
- Brevers, D., et al. (2024). Increased ventral anterior insular connectivity to sports betting availability indexes problem gambling. Addiction Biology, 29(3), e13389.
- Escutaaqui.com. (2024). O fenômeno das apostas online. https://www.escutaaqui.com/o-fenomeno-das-apostas-online-um-mergulho-profundo-nos-impactos-neurologicos-psicologicos-e-sociais
- G1. (2025). Vício em bets e jogos de aposta online afetam famílias e economia. https://g1.globo.com/mg/grande-minas/noticia/2025/04/05/vicio-em-bets-e-jogos-de-aposta-online-afetam-familias-mercado-de-trabalho-e-economia.ghtml
- PwC Strategy&. (2024). O impacto das apostas esportivas no consumo. https://www.strategyand.pwc.com/br/pt/relatorios/o-impacto-das-apostas-esportivas-no-consumo.html
- Estadão E-Investidor. (2024). Impacto das apostas no bolso dos brasileiros. https://einvestidor.estadao.com.br/educacao-financeira/sites-de-apostas-no-brasil-impacto-jogos-de-azar-no-bolso
- Petry, N. M. (2020). Cognitive-behavioral therapy for gambling disorder. Guilford Press.
- Santos, M. (2024). Como os jogos de aposta online afetam seu cérebro [Vídeo]. YouTube. https://www.youtube.com/watch?v=H3Vgr7FJmIE
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